CARACAS - A chegada incomum de um avião de passageiros da Rússia a Caracasdesencadeou rumores nas redes sociais a respeito de sua missão, uma vez que o Kremlin prometeu acudir o aliado presidente venezuelano, Nicolás Maduro, diante do esforço apoiado pelos Estados Unidos para tirá-lo do poder.
O Boeing 777, que acomoda até 400 passageiros e pertence à empresa aérea russa Nordwind Airlines, foi posicionado em um espaço particular do aeroporto depois de voar diretamente de Moscou, de acordo com dados de monitoramento de voo e fotos da Reuters. Foi a primeira vez que o avião percorreu essa rota, mostraram os dados.
Nem a Nordwind nem o governo venezuelano responderam de imediato ao pedido de comentário sobre a razão do voo para Caracas.
As redes sociais da Venezuela ficaram repletas de teorias — de que a aeronave levava mercenários, estava lá para escoltar Maduro ao exílio ou estava carregada de ouro. Nenhuma das teorias se baseou em indícios concretos, mas a especulação febril é um termômetro do clima de incerteza no país, agora que Maduro sofre pressões internacionais sem precedentes para renunciar.
Na semana passada, agentes militares privados que realizam missões secretas para Moscou voaram para a Venezuela para reforçar a segurança de Maduro, em razão dos protestos em massa da oposição naquela mesma semana, segundo pessoas próximas aos russos.
O avião que está em Caracas normalmente voa entre a Rússia e o sudeste asiático, e não há registro de que já tenha ido antes à Venezuela, de acordo com dados de voo disponíveis ao público. Nem a Nordwind nem outras linhas aéreas comerciais oferecem voos Moscou-Caracas diretos.
O jornal russo Novaya Gazeta noticiou que a aeronave partiu com dois tripulantes e nenhum passageiro.
Maduro afirma estar lidando com uma tentativa de golpe endossada por Washington e liderada pelo líder opositor Juan Guaidó, que na semana passada se proclamou presidente e foi reconhecido pelos EUA como o chefe de Estado legítimo da nação.
A Rússia acusou o governo do presidente americano, Donald Trump, de tentar usurpar o poder da Venezuela e desaconselhou uma intervenção militar. Na terça-feira 29, o Kremlin repudiou as novas sanções dos EUA ao vital setor petrolífero venezuelano, que viu como uma interferência ilegal nos assuntos do país-membro da Opep. / REUTERS
O Estado de S.Paulo