CINGAPURA E XANGAI — A cotação do minério de ferro na China disparou nesta quarta-feira após o anúncio da Vale de que vai desativar todas as barragens que usam a mesma metodologia para depósito de rejeitos que a de Brumadinho, o que levará a uma redução de 10% na produção da mineradora, a maior fornecedora do produto no mundo. Com tendência de menos oferta de minério no mercado, os preços dispararam. Depois de bater US$ 87,68, a maior cotação em 17 meses, o preço da tonelada de minério de ferro no contrato mais negociado na Bolsa de Dalian, na China, fechou a US$ 87,42.
Resultado: as ações da Vale e de praticamente todas as mineradoras do mundo têm forte alta. Na Bolsa de Sydney, na Austrália, os papéis da Rio Tinto subiram 7,3%, a maior alta em uma década. As ações da BHP avançaram 4,9%. Os papéis da Vale sobem mais de 5% na Bovespa .
A Vale é a principal fornecedora mundial de minério de ferro de baixo teor de alumínio, preferido pelas usinas siderúrgicas chinesas devido ao seu baixo nível de impurezas, uma vez que a China está em meio a uma campanha contra a poluição.
Maior produtora de minério de ferro do mundo, a Vale informou na noite de terça-feira que vai desativar 10 barragens que usam o alteamento a montante, como em Brumadinho, técnica que já foi banida no Chile por ser considerada menos segura. A decisão deverá provocar a redução de 10% na produção da empesa brasileira.
A Vale tem 19 barragens deste tipo e já estava descomissonando nove delas. Agora vai desativar as outras 10 e a produção nessas instalações serão palarisadas por três anos. A tragédia em Brumadinho causou dezenas de mortos e deixou centenas desaparecidos.
Após o anúncio da Vale, a consultoria especializada em aço e minério de ferro Tivlon Technologies, de Cingapura, projetou que os preços do minério de ferro podem atingir até US$ 120 por tonelada em agosto.
O desastre no Brasil pode levar a um aperto na regulação para a indústria de mineração também em outros países, como a Austrália, o que poderia desacelerar ou até reduzir a produção global, disse o analista Darren Toth, da Tivlon.
"Mineradoras de minério de ferro de todo o mundo estiveram ocupadas aumentando sua produção nos últimos cinco anos. Os reguladores vão querer começar a avaliar mais de perto todas essas minas para prevenir acidentes", afirmou Toth em relatório.
Reuters e Bloomberg