O presidente da Vale, Fabio Schvartsman, disse nesta terça-feira que a empresa vai paralisar todas as barragens de rejeitos de mineração do modelo a montante, o mesmo que desabou em Brumadinho e Mariana(MG). O processo deve demorar entre um e três anos.
— Elas vão deixar de ter característica de barragem — afirmou.
Com desmontagem de barragens, Vale vai paralisar produção de até 40 milhões toneladas de minério de ferro por ano, durante três anos. Isso representa 10% da produção total da mineradora.
O executivo disse que não haverá demissões:
— Temos aproximadamente 5 mil trabalhadores. Esses 5 mil serão absorvidos no plantel da Vale, que é de 80 mil trabalhadores.
Segundo Schvartsman, será necessário paralisar as operações de minerações nas proximidades dessas barragens.
— Elas estão inativas. A única maneira de fazer o descomissionamento é essa — explicou o presidente, acrescentando que os projetos para a ação estão prontos e serão enviados para licenciamento junto aos órgãos ambientais nos próximos 45 dias.
O modelo a montante é uma tecnologia de construção comum em projetos de mineração pelo mundo, mas por ser uma opção menos segura já foi banida por países como o Chile. Ele permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia de rejeitos de minério, usando o próprio material descartado - uma lama formada por ferro, sílica e água - como fundação.
Segundo especialistas, ele é comumente usado por ser mais barato e ocupar menos espaço, mas tem mais riscos de romper devido à inexistência de uma base sólida. Eles defendem que esse modelo não seja mais usado em futuros projetos, no Brasil.
O número de mortos chegou a 84 após o quinto dia de buscas. Ainda restam 276 pessoas desaparecidas. Das vítimas resgatadas hoje, três estavam em um ônibus que já havia sido localizado anteriormente e duas foram encontradas na região em que estava o refeitório da empresa.
Manoel Ventura, O Globo