quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Após decisão da Vale sobre barragens, cotação de minério de ferro bate recorde na China


Equipes de resgate e bombeiros trabalham na busca por vítimas, após o rompimento da barragem da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG)
Foto: MAURO PIMENTEL / AFP
Equipes de resgate e bombeiros trabalham na busca por vítimas, após o rompimento da barragem da Mina do Feijão, da Vale, em Brumadinho (MG) Foto: MAURO PIMENTEL / AFP

MANILA — Os contratos futuros do minério de ferro na China subiram de forma acentuada para o maior nível em quase 17 meses nesta quarta-feira. O que motivou a alta foi o anúncio, por parte da mineradora brasileira Vale, de que que terá uma redução na produção devido à decisão de fechar todas as barragens de rejeitos de mineração do modelo a montante , o mesmo que desabou em Brumadinho e Mariana ambas em Minas Gerais. A maior produtora de minério de ferro do mundo disse que terá de parar até 10% de sua produção para descomissionar mais 10 barragens. A Vale tem 19 barragens deste tipo no Brasil.
O contrato mais negociado do minério de ferro na bolsa de Dalian (China) fechou cotado a 587 iuanes (US$ 87,42) por tonelada, alta de 5,6%. A máxima diária fez com que os papéis fossem negociados a 589 iuanes por tonelada, maior nível desde o início de setembro de 2017.
O desastre de Brumadinho, que destruiu instalações da companhia, matando dezenas de pessoas e deixando centenas de desaparecidos, gerou incertezas para o mercado de minério de ferro na China, maior importador global da commodity , segundo operadores do mercado financeiro.
A Vale é a principal fornecedora mundial de minério de ferro de baixo teor de alumínio, preferido pelas usinas siderúrgicas chinesas devido a seu baixo nível de impurezas, uma vez que a China está em meio a uma campanha contra a poluição.
O presidente da empresa, Fabio Schvartsman, disse que a Vale paralisaria temporariamente as operações usando as barragens para serem descomissionadas e gastaria R$ 5 bilhões para desativá-las nos próximos três anos.
Analistas disseram que as inspeções de segurança das instalações da Vale provavelmente ficarão mais difíceis nos próximos meses, desacelerando suas operações ou ainda reduzindo a produção.

Sequência de alta

Levando em consideração a redução na produção da Vale, a empresa de análise de dados de aço e minério de ferro Tivlon Technologies, em Cingapura, projetou que os preços do minério de ferro devem atingir US$ 120 por tonelada em agosto.
O desastre no Brasil também pode levar a regulamentações mais duras para a indústria de mineração também em outros países, como a Austrália, o que poderia desacelerar ou até reduzir a produção global, disse o cientista de dados da Tivlon, Darren Toth.
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"Mineradoras de minério de ferro de todo o mundo estiveram ocupadas aumentando sua produção nos últimos cinco anos. Os reguladores vão querer começar a avaliar mais de perto todas essas minas para prevenir acidentes".
O contrato mais ativo do vergalhão de aço na bolsa de Xangai ficou praticamente estável, com alta de 0,1%, a 3.677 iuanes por tonelada, após chegar a subir 2,6% na sessão.
Na Bolsa de Cingapura, os futuros do minério de ferro subiram 9,5% (US$ 86,10 a tonelada), a maior alta desde março de 2017, enquanto as negociações de contratos da commodity em Dalian foram limitadas.

Mercado australiano

As ações da mineradora australiana Rio Tinto subiram para o nível mais alto em uma década, e outros produtores de minério de ferro no país da Oceania saltaram após a Vale anunciar reduções na produção após o desastre na mina de Feijão no Brasil.
Os papéis da Rio Tinto avançaram 7,3% para (US$ 89,65) na Bolsa de Sydney. Este foi o maior nível intradiário desde setembro de 2008. Outro grupo da Austrália de minério de ferro, o BHP subiu 4,9% na mesma sessão.
Além da alta na Bolsa, o câmbio do país da Oceania também foi beneficiado. O dólar australiano regisrou alta de 0,6% no pregão desta quarta-feira.

Reuters