Recém-empossado na presidência da Petrobras, o economista Roberto Castello Branco disse que a segurança do trabalho é um dos cinco pilares da sua gestão, que começou em janeiro após ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o comando da estatal.
— Não queremos ser surpreendidos por um acidente como o da Vale — disse Castello Branco, nesta terça-feira, no Latin America Investment Conference, evento para investidores promovido pelo banco Credit Suisse, em São Paulo. No rol de medidas que o executivo esperar implementar está reduzir o risco para a operação em refinarias e em plataformas de exploração de petróleo em alto-mar. O presidente da estatal, no entanto, não entrou em detalhes das ações a serem tomadas.
Para Castello Branco, a crise moral e de endividamento da empresa decorrente dos escândalos de corrupção, desvendados pela Operação Lava-Jato, foram superados. Os desafios, agora, incluem manter o programa de desinvestimento da estatal. Para o executivo, ativos como operações logísticas para escoamento da produção não necessariamente precisam ser da companhia e, portanto, podem ser privatizados.
— A companhia deve reter apenas os ativos nas áreas em que ela tem um dom natural — disse Castello Branco, referindo-se às reservas do pré-sal e em águas profundas e ultra-profundas de posse da estatal. Campos de petróleo maduros em águas rasas e terrestres devem ser concedidos em breve, disse o presidente.
Novos leilões
Castello Branco mostrou estar alinhado ao receituário da equipe econômica capitaneada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O presidente da Petrobras se disse contrário a regras de tabelamento de preços, como o de fretes, fixado no ano passado em decorrência da greve dos caminhoneiros em maio. Nos planos de Castello Branco está ainda rediscutir as regras do sistema de partilha de reservas, defendido pelos governos petistas.
—Os países com regime de partilha estão no quartil mais baixo nos rankings de abertura econômica e de facilidade de fazer negócios. Agora, entre fazer leilão sob regime de partilha e não fazer leilão, prefiro fazer leilões — disse, referindo-se ao período entre 2013 e 2016 em que não houve leilões de novas áreas de exploração por causa de desacordos entre governo e mercado a respeito do melhor modelo de remuneração a ser seguido nos contratos de concessão de petróleo.
Castello Branco demonstrou ainda otimismo quanto à possibilidade de o governo e a estatal chegarem a um acordo sobre os valores da cessão onerosa, um assunto que vem se arrastando desde meados de 2010.
— Existe interesse em concluir o processo em 30 ou 60 dias — disse o executivo.
Governo e estatal querem concluir a revisão do contrato de 2010, que garantiu à Petrobras explorar até 5 bilhões de barris em uma área do pré-sal na Bacia de Santos, quando a empresa foi capitalizada. A revisão funcionará como uma espécie de acerto de contas. O problema é que o governo defende que tem recursos a receber da empresa, enquanto a direção da Petrobras acredita no oposto. Assim que essa questão for resolvida, o governo estará liberado para leiloar o excedente de petróleo da região.