
Quatro escritórios de advocacia dos EUA já se preparam para entrar com ações coletivas em nome de acionistas estrangeiros contra a Vale por causa da perdas dos investidores com a tragédia de Brumadinho.
Com a incerteza que ronda a empresa, as ações caíram 24,52% nesta segunda-feira, perdeu R$ 72 bi em valor de mercado, suspendeu o pagamento de bônus e dividendos e já teve R$ 11 bilhões bloqueados pela Justiça, além de receber multas de cerca de R$ 300 milhões. Com as ações dos escritórios - Pomerantz, The Schall, Rosen Law e BLB&G -, essa conta deve subir.
Segundo o escritório Pomerantz, isso será possível caso fique comprovado que administradores da mineradora violaram leis de segurança nacionais, causando o rompimento da barragem. O Pomerantz é o mesmo escritório que entrou com ação contra a Petrobras, por "declarações falsas e enganosas" durante as investigações da operação Lava Jato.
O presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, defende ainda convocação de uma assembleia para que sejam responsabilizados administradores da Vale caso fique comprovada negligência.
— Este é um momento delicado, de comoção, de perdas de familiares. Mas, mais uma vez, existem indícios de negligência no rompimento da barragem. Vamos aguardar o relatório dos peritos, que as investigações avancem e se isso ficar comprovado vamos entrar com uma ação civil pública para defender o interesse dos acionistas minoritários - disse Valporto.
Ele lembrou que apenas nesta segunda-feira a Vale perdeu R$ 72 bilhões em valor de mercado e que as ações da companhia devem continuar caindo nos próximos dias.
— O giro financeiro hoje foi sete vezes maior com as ações da Vale do que a média dos últimos pregões. Isso significa que as pessoas estão vendendo o papel a qualquer preço com medo de mais desvalorização - disse o presidente da Abradin.
Para ele, a lei das S.A. protege os administradores, evitando que eles sejam responsabilizados por desastres como o de Brumadinho.
— É preciso que os administradores tenham medo. O próprio presidente da Vale poderia convocar uma assembleia propondo a responsabilização dos administradores em caso de negligência — afirmou Valporto.