O governo federal espera arrecadar entre US$ 25 bilhões e US$ 30 bilhões com privatizações de estatais até o final deste ano. A estimativa foi feita pelo secretário especial de privatizações e desinvestimento, Salim Mattar, durante participação em evento do banco Credit Suisse, realizado nesta terça-feira em São Paulo. A cifra supera os US$ 20 bilhões esperados pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que fez sua estimativa durante discurso no World Economic Forum, em Davos, na Suíça .
— Queremos surpreender o ministro da Economia e superar a meta de arrecadar U$ 20 bilhões com privatizações este ano, em 25% a 30% — afirmou Mattar a uma platéia de investidores e empresários.
O secretário de privatizações não detalhou quais empresas serão vendidas este ano, mas afirmou que subsidiárias de estatais como Banco do Brasil, Petrobras, Caixa Econômica Federal podem ser vendidas rapidamente, porque não precisam de aprovação do Congresso. Ele disse que outras empresas como os Correios, por exemplo, precisam de aprovação de deputados e senadores.
Em relação às estatais que estão sob responsabilidade de ministérios, o secretário disse que vem fazendo um trabalho de convencimento junto aos ministros para que também sejam privatizadas.
Mattar observou que o processo de venda de estatais é demorado e que os trâmites no Tribunal de Contas da União levam pelo menos 150 dias. Já em relação às subsidiárias o tempo é menor.
— Estamos fazendo gestão para que o processo ocorra em 120 dias — afirmou.
O secretário disse que estão na lista de prioridade de vendas as chamadas 'estatais dependentes', que totalizam 18 empresas, entre elas Embrapa, Conab, Valec, Epe e CPRM. Segundo ele, essas empresas custam aos cofres do governo R$ 15 bilhões ao ano.
— Faremos uma comunicação à sociedade mostrando que esse dinheiro pode ir para creches, segurança pública, saúde — disse Mattar.
O secretário afirmou que atualmente o governo federal tem 134 estatais que empregam 500 mil pessoas. O valor dessas empresas é estimado entre R$ 700 bilhões e R$800 bilhões. Ao final do governo, disse, a expectativa é que fiquem apenas a Petrobras, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, e mesmo assim todas bem 'magrinhas'.
Mattar disse que a Petrobras tem grande know how em exploração de petróleo em águas profundas, mas em termos de competitividade ainda perde para suas pares no exterior. Afirmou que os Correios são ineficientes, tem problemas de corrupção e o fundo de pensão de seus funcionários, o Postalis, tem um rombo de R$ 5 bilhões. E garantiu também que a Infraero será extinta.
— Esse Estado gigante é culpa dos políticos, mas também da sociedade, incluindo os empresários, que não se manifestaram — afirmou.
Capitalização da Eletrobras vai continuar
Só em participações de empresas, o BNDESpar, braço de investimentos do BNDES, tem R$ 110 bilhões investidos, observou o secretário, que considera esse valor algo inadimissível. Ele afirmou ainda que o processo de capitalização da Eletrobras vai continuar e que o governo, neste primeiro momento, deverá perder o controle da estatal.
— Teremos uma empresa mais forte com menor participação do Estado — disse.
Em relação aos 680 mil imóveis que a União possui, Mattar afirmou que já está sendo preparado um pacote para venda à iniciativa privada, dos melhores imóveis, inclusive com financiamento feito por bancos.
— Não faz sentido o Estado ter imóveis improdutivos, que custam e não geram receita — disse o secretário.
Mattar é fundador da Localiza e por 35 anos esteve na iniciativa privada.