quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Moraes cria ‘serviço secreto’ no TSE. Seria a 'Gestapo' da ditadura da toga?

Núcleo de inteligência vai produzir relatórios e tem objetivo de identificar ameaças à normalidade do pleito. Poderia começar investigações no gabinete de Moraes...

Alexandre de Moraes na cerimônia de posse como presidente do TSE , em 16 de agosto
Alexandre de Moraes na cerimônia de posse como presidente do TSE , em 16 de agosto | Foto: Antonio Augusto/Secom/TSE

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, criou nesta quinta-feira, 1°, um “núcleo de inteligência para instrumentalizar o enfrentamento à violência política no processo eleitoral de 2022”.

Em linhas gerais, o grupo é composto de Moraes, representantes do TSE e comandantes das polícias militares de três Estados. O grupo vai funcionar como um “serviço secreto”, coletando informações e adotando medidas para “refrear ações que possam ameaçar a normalidade do pleito”.

Conforme a recém-criada portaria 833/2022, a iniciativa se deu durante uma reunião, em 24 de agosto, entre o TSE e o Conselho Nacional de Comandantes Gerais das Polícias Militares (CNCG). Para justificar a criação do núcleo, Moraes argumentou “haver a necessidade de ações permanentes de inteligência com a finalidade de identificar ameaças à normalidade do pleito”.

De acordo com o artigo 3º da portaria, a produção de relatórios é uma das atribuições do núcleo, ao lado de reuniões e adoção de medidas relativas ao conhecimento produzido.

A decisão causa estranheza porque o Brasil tem um Sistema de Inteligência (Sisbin), cujo órgão principal é a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que poderia trabalhar em parceria com o TSE, como já fez em eleições anteriores.

A própria reunião de 24 de agosto, agendada por Moraes, que havia acabado de tomar posse como presidente do TSE — para a qual foram convocados, às pressas, os 27 comandantes da PMs dos Estados e DF — foi considerada incomum, porque nenhum dos outros presidentes anteriores do TSE havia adotado a medida.

Nesse encontro teriam sido mencionados receios sobre eventuais desvios no comportamento das tropas, que, nos últimos anos, estariam apresentando um envolvimento cada vez maior com questões políticas.

Para responder a essa insinuação, o comandante da PM de Rondônia, coronel James Padilha, disse à Agência Brasil “não obstante a polarização ou a complexidade que muito se veicula na mídia, nós temos total isenção, imparcialidade e tranquilidade para dizer a todos e à sociedade que nós estamos em condição de proporcionar toda a segurança e tranquilidade que a população precisa”.

Leia o documento de Moraes no TSE

Com informações de Loriane Comeli e Cristyan Costa, Revista Oeste


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