sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Wall Street Journal critica ‘populismo’ de esquerda na América Latina: ‘menos liberdade’: populistas como Lula passam 'rolo compressor' nas instituições democráticas

 Jornal chamou o STF de 'ativista'

Lula acena para apoiadores durante ato de campanha em 2022
Lula acena para apoiadores durante ato de campanha em 2022 | Foto: Ricardo Stuckert

Um artigo de opinião do Wall Street Journal publicado nesta quinta-feira (29) se debruça sobre a eleição presidencial brasileira e seu potencial impacto nos caminhos políticos latino-americanos. A publicação destaca o novo momento de vigor do populismo de esquerda na região, “em movimento na América Latina desde que o venezuelano Hugo Chávez assumiu o poder, em 1999”.

O jornal norte-americano descreve a eleição brasileira no antagonismo entre Lula (PT), “um populista de esquerda” que fundou o Fórum de São Paulo junto com o cubano Fidel Castro, e o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), ex-capitão do Exército e conservador, definido como um representante “de centro-direita”.

Para o Wall Street Journal, a nova “onda vermelha” socialista representa um desafio aos princípios democráticos na América Latina.

“Os socialistas às vezes usam sua popularidade eleitoral para esmagar como um rolo compressor as instituições democráticas e se manter no poder. Da Argentina ao México, a onda vermelha trouxe menos liberdade e mais dificuldades”, argumenta o artigo de opinião.

No foco sobre a situação brasileira, o jornal destaca a tensão entre Poderes, acirrada durante o mandato de Bolsonaro, com a imprensa brasileira como um poderoso agente atuante.

“Seu estilo impetuoso e politicamente incorreto e seus confrontos com uma Suprema Corte ativista o tornaram um defensor dos tradicionalistas e alvo da poderosa imprensa de esquerda do país”, diz a publicação.

Em seguida, o artigo reconhece os méritos do governo Bolsonaro, dizendo que o presidente melhorou o clima de investimentos no país e conseguiu restringir os gastos, mesmo aumentando os valores dos programas de transferência de renda aos mais pobres.

Por sua vez, o jornal registra a mácula de corrupção sobre os governos do PT, nos anos Lula e Dilma Rousseff, com a descoberta de “bilhões de dólares em propinas envolvendo a estatal petrolífera”. O artigo descreve a condenação do líder petista em 2018, que acabou revertida pela Suprema Corte brasileira anos depois, “embora Lula nunca tenha sido inocentado no tribunal, porque nunca foi julgado novamente”.

Por fim, na seara econômica, o Wall Street Journal destaca que a economia brasileira surpreendeu positivamente com Bolsonaro, crescendo 2,4% no primeiro semestre do ano. O jornal diz entender que um novo mandato do atual presidente significaria “um sistema tributário simplificado, mais privatizações e um mercado de eletricidade reestruturado”. Por sua vez, Lula optaria por oferecer ao Estado um papel maior na economia, pisando no freio com as privatizações e beneficiando o protecionismo.

“O Brasil tem instituições mais fortes do que muitos de seus vizinhos, mas uma vitória de Lula irá testá-las. Lula lidera nas pesquisas e, se conseguir mais de 50%, não haverá segundo turno em 30 de outubro. O país merece um confronto de visões”, conclui o artigo.

Revista Oeste