O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu em 0,5 ponto percentual a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, passando de 6,50% para 6% ao ano. O anúncio feito nesta quarta-feira, 31, representa a primeira queda de juros em 16 meses. A última redução foi em março de 2018, quando a taxa foi reduzida de 6,75% para os 6,50%.
Esse é o menor percentual da história da taxa de juros brasileira. A Selic é usada como referência para todas as outras taxas de juros do mercado e serve como instrumento para controlar a inflação e estimular o consumo. Com a Selic alta, os juros tendem a ficar mais caros e desestimular o consumo. Já com a taxa em viés de baixa, o crédito pode ficar mais barato, estimulando compras e aquecendo a economia.
Em nota divulgada após o fim da reunião, o Copom disse que indicadores da economia mostram sinais de retomada. Esse fator, somado com a inflação estável e cenário externo favorável, balizam a decisão de reduzir a taxa. “Ocomitê avalia que a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo. O Copom enfatiza que a comunicação dessa avaliação não restringe sua próxima decisão e reitera que os próximos passos da política monetária continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação”.
Segundo o Copom, o andamento das reformas, como a da Previdência aprovada em primeiro turno na Câmara dos Deputados, e a tributária tramitando na casa, é necessário para a economia e enfatiza que a continuidade do processo é “essencial para a queda da taxa de juros estrutural e para a recuperação sustentável da economia”.
A queda na taxa já era esperada pelo mercado financeiro, que aposta em uma redução ainda maior até o fim do ano para o aquecimento da economia. Segundo o Boletim Focus do Banco Central da última segunda-feira, a aposta de analistas financeiros é que a taxa feche o ano em 5,5% ao ano.
“A comunicação recente do Copom deixou muito claro que a recuperação da atividade econômica teve uma interrupção. Não é mais recuperação gradual. Estamos vendo um cenário externo menos adverso. Era necessário haver um avanço concreto de reformas para o corte, o que ocorreu com a aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno na Câmara dos Deputados”, enfatizou Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco.
Para André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, o corte da taxa era um sinal positivo e esperado, mas 0,5 ponto percentual foi um passo maior do que poderia ser dado. “Temos taxa de juros muito baixa para o que estamos acostumados.” Perfeito considera a taxa agressiva porque o cenário reformista ainda está indefinido. Isso porque a Previdência, considerada fundamental para o crescimento da economia, ainda não teve a aprovação definitiva e o cenário do impacto fiscal não está claro. Além disso, as outras reformas no radar, como a tributária, estão em estágio inicial de tramitação, segundo o economista.
Larissa Quintino, André Romani, Veja