quarta-feira, 31 de julho de 2019

BC dos EUA corta juros pela primeira vez desde 2008

Federal Reserve reduz taxa em 0,25 ponto porcentual, para o intervalo de 2% a 2,25%; medida olha cenário global e visa estimular investimentos




Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) decidiu cortar a taxa de juros da economia americana. Foi a primeira redução da década na taxa. Nesta quarta-feira, 31, entidade fixou o índice num intervalo entre 2% e 2,25%. Anteriormente, o intervalo era de 2,25% a 2,5%
A última vez em que a entidade tinha descido juros foi em dezembro de 2008, durante a crise financeira mundial, quando a instituição reduziu a taxa para um intervalo entre 0% e 0,25%. Os juros permaneceram nulos até o final de 2015, durante um período de sete anos. 
Em comunicado divulgado na tarde desta quarta, o Fed disse que decidiu cortar os juros “em face das implicações de desdobramentos globais para a perspectiva econômica, bem como pressões inflacionárias fracas”. Segundo a entidade, apesar de os gastos das famílias terem aumentado em 2019 nos EUA, o crescimento do investimento não acompanhou esse patamar.
No comunicado, o Fed indicou que pode continuar a diminuir a taxa, dizendo que “agirá como apropriado para sustentar a expansão”.
O corte na taxa de juros na economia americana é abertamente defendido pelo presidente Donald Trump. Nos últimos meses, o republicano atacou diversas vezes Jerome Powell, comandante do Fed, dizendo que ele fazia um “trabalho ruim” e cobrando rapidez na queda dos juros.
A decisão do Fed era esperada pelos mercado acionários mundo afora. Logo após a divulgação do comunicado, o Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, suavizou a queda e passou a operar negativo em 0,49% a 102.424 pontos. No início da tarde, chegou a cair 1,06%. Já o dólar opera em queda de 0,7%, sendo negociado a 3,76 reais. Antes do anuncio, a queda era maior, de 1%.  Ainda nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve anunciar a taxa de juros da economia brasileira. Por aqui, também é esperado corte. A Selic está em 6,5%.
Entre as consequências do corte para o setor no Brasil Fernando Gonçalves, superintendente de pesquisa econômica do Itaú Unibanco, enxerga “a valorização do real frente ao dólar”. Além disso, para ele, a redução pode impactar na decisão do Copom mais tarde.