A narrativa dos receptadores de material roubado de que Moro “é suspeito porque não entrega seu celular para a perícia” foi desmontada de vez pela Polícia Federal.
O ministro não apenas entregou seu celular à PF como ele foi fundamental para que os hackers fossem presos de acordo com a Folha (ironicamente, a velha mídia que se aliou aos receptadores de material roubado).
No aparelho de Moro, a polícia obteve dados que mostraram que o celular de Moro recebeu uma ligação do Telegram – com um código de acesso ao aplicativo – antes de receber uma ligação do seu próprio número, além de uma série de chamadas feitas no mesmo instante da ligação do Telegram.
Com essas informações, a polícia concluiu que as ligações simultâneas eram uma estratégia para que a chamada do Telegram caísse na caixa postal. O padrão das ligações mostrou que as chamadas em que o número de origem era igual ao número de destino davam acesso ao correio de voz sem a necessidade de senha.
Por meio de informações de operadoras de telefonia, a PF constatou que as chamadas foram feitas por meio da operadora Datora. Usando medidas cautelares, os investigadores chegaram à Megavoip, especializada em ligações pela Internet (VoIP).
Após determinação judicial, a Megavoip forneceu os acessos aos sistemas internos para apuração e perícia no dia 4 de julho.
A polícia conseguiu identificar que as chamadas feitas para o celular do ministro e outras autoridades foram feitas por um usuário chamado Anderson José da Silva.
A conta em nome de Anderson foi bloqueada pela Megavoip após pedido da empresa Datora, atendendo reclamações de chamadas suspeitas. Isso fez uma segunda conta, registrada em nome de Marcelo Alexandre Thomaz, entrar em contato para tentar reaver o usuário bloqueado se identificando como Anderson.
Desta forma, os peritos ligaram ambas as contas e identificaram que seus usuários realizaram 5616 ligações com número de origem igual ao número de destino para 976 números diferentes. Um terceiro usuário suspeito foi identificado e está sob análise.
Por fim, a polícia obteve os endereços IP dos computadores que se conectaram às contas e chegou aos endereços de Danilo Marques, Marta Elias e Suelen de Oliveira. Com o trabalho de campo para identificar os moradores reais, a PF descobriu que Walter Delgatti Neto morava na casa vinculada a Danilo Marques, Gustavo Henrique era namorado de Suelen de Oliveira e Marta Elias era mãe de Gustavo.
Agência Caneta