Estão se completando 20 anos de Um Lugar Chamado Notting Hill. Escrita por Richard Curtis e dirigida por Roger Mitchell, é considerada por muita gente uma das melhores comédias românticas do cinema – a melhor? Hugh Grant faz o o dono de uma pequena livraria na qual entra, como um furacão, Julia Roberts para subveter a vida do moço. Ela faz uma celebridade. Ele é aquele carinha tímido. Atrapalhado, derruba suco na roupa dela e a leva para sua casa, ali do lado, para se secar. Não desgrudam mais, mas, claro, não pode dar certo. Por que não?
Cena 1
Na hora H, quando parece já ter perdido Julia – ela se chama Anna -, Grant finge ser repórter de uma revista sobre cavalos e vai à entrevista dela. O que se segue possui um encanto especial. Tietes do filme sabem o diálogo de cor. E ainda tem a trilha. She. She may be the face I can't forget/The trace of pleasure or regret/May be my treasure or the price I have to pay... Julia e Grant, há 20 anos. Jovens e belos. Rhys Ifans, como o amigo, Spike, fazendo gracinha. Pode não ser a melhor comédia romântica, mas muito boa, com certeza, é.
Cena 2
Um Lugar Chamado Notting Hill é dessas comédias românticas que a gente não cansa de assisitir. Quem ama esse gênero de filme certamente tem uma lista das que já viu inúmeras vezes. Certamente há cenas que não saem na nossa cabeça. A do jantar na casa dos amigos de Will (Hugh Grant), Bella (Gina McKee) e Max (Tim McInnerny), para comemorra o aniversário de sua irmã Honey (Emma Chambers) é uma dessas. Rola de tudo, desde ter galinha no jantar, sem saber que Anna é vegetariana, o não reconhecimento da atriz por um dos amigos, que dá um fora tremendo, a divertida Honey, que mal conhece a atriz e já se torna a melhor amiga, e ainda a incrível disputa para saber quem tem a história mais comovente para poder ficar com o último pedaço de um doce.
Cena 3
Anna está indo embora de Londres mais uma vez, depois de gravar outro filme na cidade, e passa na livraria de William com um pedido final: que eles pudessem se ver de novo, e mais vezes. O telefone toca; é sua mãe. Ele atende. Na volta, diz não. Não saberia lidar com outro fora nem com a ideia de, depois, continuar vendo Anna na cinema, na televisão, em cartazes. "Eu vivo em Notting Hill, você vive em Bervely Hills", ele diz. Ela responde que a fama não é real e, com o voz embargada e o olhos lacrimejando, completa: "e não se esqueça que eu também sou apenas uma garota, parada na frente de um garoto, pedindo a ele que a ame".
Cena 4
Notting Hill é tudo de bom. Tem Anna, tem Will, mas também tem o incrível Spike, interpretado por Rhys Ifans. Após dar o fora em Anna, Will se reúne com todos os seus amigos e sua irmã no restaurante fechado de Tony. Mas está faltando o Spike. Ele chega já perguntando: “O que aconteceu?”. Os amigos respondem: “O Will deu o fora na Anna”. Curto e grosso, Spike fala para Will: Seu idiota! É nesse momento que Will percebe que fez uma burrada. “Que droga. Tomei a decisão errada, não foi?” “Foi’, diz Spike, maravilhoso, com uma cara ótima.
Cena 5
A cena final, uma das mais emocionantes do filme, traz um misto de romantismo e toques de humor. Durante uma coletiva, Anna (Julia Roberts) atende a imprensa local antes de voltar aos EUA, e William se mistura entre os jornalistas para se declarar à atriz. Sem ser reconhecido no local, ele pergunta se Anna e o tal inglês que ela conheceu poderiam ser mais do que amigos, depois que ‘sr. Thacker’ (no caso, ele) se desse conta que foi um grande idiota e implorasse que ela reconsiderasse. Após um momento de silêncio, ela responde que ‘sim’. Ao que William comenta: ‘Que ótima notícia. Os leitores de Horse & Hound (algo como Cavalo e Cão de Caça) vão adorar”. E, questionada sobre quanto tempo permaneceria na Inglaterra, ela responde: “Indefinidamente”. É quando Anna abre um sorriso largo – à la Julia Roberts – e começa a tocar o tema do casal, a bela She, na voz de Elvis Costello.
O Estado de S.Paulo