terça-feira, 30 de julho de 2019

Funcionários da Apple escutam áudios de usuários da Siri, diz jornal

Apple Watch seriam campeões de ativações acidentais; áudios são escutados por funcionários 


Funcionários da Apple tiveram acesso aos áudios de usuários da assistente digital Siri. A informação foi divulgada pelo jornal The Guardian na sexta, 26, que cita uma fonte anônima ligada a empresas terceirizadas que prestam o serviço. Entre as informações às quais ouvidos humanos tiveram acesso estão históricos médicos, negociações para compras de drogas ilícitas e atos sexuais.   
Na indústria, o papel de humanos para treinar máquinas a conversar é amplamente conhecido - são eles que transcrevem áudio e indicam ao sistema se estão entendendo corretamente as informações. A Apple reforçou isso em sua resposta: "Uma parte pequena dos pedidos à Siri são analisados para melhorá-la. Os pedidos não são associados com a Apple ID. As respostas são analisadas em instalações seguras e todos os revisores são obrigados a aderir aos rigorosos requerimentos de confidencialidade da Apple", disse a empresa em comunicado.   
A empresa diz que menos de 1% dos áudios, que são escolhidos aleatoriamente, são acessados pelos funcionários. Esses trechos seriam usados por apenas alguns segundos até serem descartados. Apesar disso, a Apple não é clara com os usuários em suas políticas de uso sobre intervenção humana nos processos de melhoria da Siri. 
A fonte do Guardian diz que diversos dos áudios são captados por ativações acidentais da Siri - os aparelhos campeões de ativações do tipo seriam o Apple Watch e o HomePod. "Houve inúmeras gravações de conversas íntimas entre médicos e pacientes, de negociações, incluindo algumas com caráter criminoso, e de relações sexuais. Essas gravações mostravam a localização do usuário, detalhes de contato e dados do aplicativo", teria dito a fonte.  
Sobre as ativações acidentais, diz o jornal, os funcionários tinham que reportar apenas como problema técnico. 
A fonte da reportagem diz que resolveu revelar os detalhes dos centros da Apple, pois considera que as informações pessoais estão em perigo. Existiria uma alta rotação entre os terceirizados, o que levaria a um descontrole quanto ao nível de privacidade dos usuários. "Se tivesse alguém com más intenções, não seria difícil identificar a pessoas nas gravações", diz a fonte.  
A Apple não é a primeira a se ver num caso de terceirizados ouvindo áudios de usuários. Amazon e Google já foram centro de casos do tipo. Em todos os casos, há o problema de ativações acidentais
O Estado de S. Paulo