quarta-feira, 1 de maio de 2019

Tostão: Neymar segue mal-educado, e saída do Barça foi desastrosa

Neymar, depois de ser suspenso por três jogos da Liga dos Campeões da Europa, mesmo sem jogar, por ter ofendido o árbitro do jogo entre PSG e Manchester United, deu um soco em um torcedor que o provocava, após a perda do título da Copa da França. Deve levar outra suspensão. O "monstro" é maior do que Renê Simões imaginara.Neymar continua mal-educado.
saída de Neymar do Barcelona, compreensível, pela ambição humana de ser o melhor de todos, foi desastrosa. No Barcelona, Neymar foi campeão da Liga dos Campeões, artilheiro da competição e brilhou intensamente. Não era um coadjuvante. Era também protagonista, evidentemente, abaixo de Messi.
Por outro lado, mesmo com as bobices e a má educação de Neymar, não vou deixar de reconhecer seu espetacular talento. Em campo, sempre atua com muita vontade e em boas condições, mesmo após longas ausências.
Neymar na final da Copa da França, em que o PSG foi derrotado pelo Rennes
Neymar na final da Copa da França, em que o PSG foi derrotado pelo Rennes - Christine Poujoulat - 27.abr.19/AFP
O gol contra o Rennes, pela Copa da França, foi mais um recital do craque.
Se Neymar estivesse no Barcelona, enfrentaria o Liverpool nesta quarta (1º). O time catalão seria mais forte, e Neymar teria mais uma grande chance de brilhar.
Como Liverpool, Barcelona e a maioria das principais equipes europeias são compactas, deixam poucos espaços entre os setores, com os jogadores sempre próximos um do outro, não há necessidade de se ter um volante apenas marcador, para proteger os defensores, nem um meia ofensivo, para fazer a ligação entre o meio-campo e o centroavante. São dois tipos de jogador que continuam supervalorizados pelos treinadores brasileiros.
Barcelona e Liverpool jogam com um trio no meio-campo. Quando a equipe perde a bola, marca com os três. Quando a recupera, dois avançam como meias. No esquema brasileiro, com dois volantes em linha e um meia de ligação, os times marcam com dois e atacam com apenas um meia.
Continua o Brasileiro. A primeira rodada foi boa, com muitos gols e ótimo público. Todos estavam com saudade da competição.
Alguns jornalistas falam que a imprensa brasileira deveria exaltar menos os campeonatos europeus e valorizar mais o Brasileiro. Querem negar a realidade. A crítica é necessária para melhorar o futebol que se joga no país. A turma do oba-oba, durante décadas, contribuiu para a má qualidade atual.
O Palmeiras goleou o Fortaleza, com uma ótima atuação, pelos acertos técnicos e pela vontade. Parecia uma final de campeonato, o que deveria ser repetido em todos os jogos. É o segredo para se dar bem em uma competição tão longa e por pontos corridos. Na maneira de jogar, não houve novidade. A equipe priorizou, como sempre, as bolas longas, aéreas e a pouca troca de passes na transição da defesa para o ataque.
O Flamengo também jogou muito bem na vitória sobre o Cruzeiro. Já o Cruzeiro atuou mal no segundo tempo, além de ter tido vários erros individuais. Independentemente dessa partida, falta à equipe um meio-campista de mais talento, para marcar, armar as jogadas de trás e ainda chegar à frente. Pogba seria uma boa opção. Aí é querer demais para o nível de nosso futebol.
A cada semana do Brasileiro surgirão novos conceitos, novas avaliações, um novo e melhor time, um novo e melhor craque e um novo pedido de convocação para a seleção.
Muitas vezes, um analista que sabe menos vai acertar mais resultados do que outro que sabe muito mais. Porém, por ser um campeonato longo, por pontos corridos, a regularidade é determinante. No fim, vai dar a lógica.
Tostão
Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina

Folha de São Paulo