Cleide Carvalho, O Globo
O juiz Sergio Moro voltou a interromper a fala de uma testemunha de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante depoimento. Ao participar de audiência na manhã desta segunda-feira, Rui Falcão, afirmou estar preocupado porque Lula está sendo perseguido para não ser candidato, depois de perguntado sobre sua relação com o ex-presidente.
- Não é propaganda política aqui Senhor Rui. Não é o momento de o senhor fazer isso - disse Moro.
Falcão disse que estava apenas respondendo à pergunta da defesa. Moro disse que não parecia o caso e que ele deveria se limitar a responder as perguntas.
Esta é a segunda vez que Moro fala em propaganda de Lula durante audiência. Na semana passada, ele interrompeu o escritor Fernando de Morais depois que este relatou um elogio de Bono Vox ao ex-presidente.
O ex-presidente do PT negou qualquer ato ilícito praticado por Lula ou pelo partido para compra de apoio político e que não tinha qualquer conhecimento sobre vantagens indevidas pagas pela Odebrecht e OAS. As duas construtoras fizeram reformas no sítio de Atibaia, que segundo o Ministério Público Federal beneficiaram Lula com base em valores tirados de contratos da Petrobras.
O depoimento de Falcão durou apenas sete minutos. Tão logo a defesa de Lula terminou suas perguntas, Moro perguntou se alguém mais queria ouvir a testemunha e encerrou a audiência.
Também nesta segunda-feira, Moro considerou prejudicado o pedido da defesa de Lula para ouvir Jacó Bittar, ex-sindicalista e amigo de longa data de Lula, que sofre do Mal de Parkinson. O sítio de Atibaia está em nome de Fernando Bittar, filho de Jacó Bittar.
Moro considerou que o depoimento de Jacó Bittar teria relevância duvidosa no caso, já que o processo envolve um filho dele, e que um depoimento por escrito prejudicaria a acusação.