A Polícia Civil do Distrito Federal fez buscas nas celas em que estão presos o ex-senador Luiz Estêvão (MDB-DF) e os ex-ministros Geddel Vieira Lima (MDB-BA) e José Dirceu (PT-SP), na Penitenciária da Papuda.
Durante a operação, na tarde de domingo (17), foram apreendidos chocolates, pendrives e uma tesoura, atribuídos a Estêvão, além de anotações que teriam sido feitas tanto por Geddel quanto por Dirceu.
Os policiais suspeitam de um suposto esquema de privilégios, envolvendo agentes públicos, aos três internos. Há informações, segundo os investigadores, de que Estêvão atua como o “dono do presídio”.
Durante a ação, foi encontrada uma anotação na qual Dirceu registraria a necessidade de autorização do ex-senador para conseguir burlar horário de visitações na Papuda. “Pedir para Luiz Estêvão conseguir a visita de um menor fora do horário” era o teor do manuscrito, segundo o delegado Thiago Boeing, um dos responsáveis pelo caso.
Dirceu, Geddel e Estêvão estão presos em alas do Centro de Detenção Provisória da Papuda, destinada a políticos.
O ex-senador já é investigado por fazer reformas em benefício próprio no local e manter itens como uma máquina e cápsulas de café Nespresso.
A operação, batizada de Bastilha, foi deflagrada durante do segundo tempo do jogo entre Brasil e Suíça, no domingo. Para evitar vazamentos a agentes do sistema penitenciário, foi cercada de sigilo.
Estêvão divide uma das maiores celas do local apenas com Dirceu, situação que é considerada atípica, pois no local caberiam ao menos mais cinco pessoas.
Com a chegada dos policiais, ele teria pedido para ir ao banheiro, mas a autorização foi negada. Na sequência, teria tentado se desfazer de cinco pendrives, que foram notados e apreendidos.
Na biblioteca da unidade, também foram recolhidas pilhas de documentos com informações das empresas de Estêvão. “Mais parecia um escritório dele do que um local de uso comum dos outros presos”, afirmou Boeing.
Na cela de Geddel, ocupada por ele e mais de dez presos, foram encontradas anotações, que ainda serão analisadas.
A Operação Bastilha começou após denúncias de que internos da Papuda estariam fazendo ameaças a juízes e delegados. A informação não se confirmou, mas foram apurados indícios de tratamento diferenciado aos políticos.
Boeing informou que as autoridades do Distrito Federal não apresentaram justificativa para Estêvão e Dirceu serem mantidos em cela mais vazia e espaçosa que a dos demais internos.
Os advogados de Estêvão, Marcelo Bessa, e de Dirceu, Roberto Podval, informaram que não se manifestariam. O criminalista Gamil Föppel, que defende Geddel, ainda não se pronunciou.
Fábio Fabrini, Folha de São Paulo