A Lava Jato descobriu a solução para a crise econômica. Todo brasileiro desempregado deveria desistir do seu ofício e reorganizar-se como consultor. Entre um escândalo e outro, o médico sanitarista Antonio Palocci fez isso. Colocado no olho da rua por Lula e também por Dilma, dedicou-se à sua firma, a Projeto Consultoria Empresarial e Financaeira Ltda.. O resultado foi estupendo.
Nesta quarta-feira, o Banco Central informou a Sérgio Moro que executou a ordem de bloqueio dos recursos depositados nas contas de Palocci. Nas contas pessoais do ex-ministro, bloquearam-se R$ 814 mil. Nas contas de sua empresa, foram aprisionados R$ 30 milhões. Não chega perto dos R$ 128 milhões que o juiz da Lava Jato mandara bloquear. Mas já impressiona.
No ano passado, o Coaf, órgão federal que controla as atividades financeiras, já havia atestado o sucesso de Palocci. Em documento datado de 23 de outubro de 2015, a repartição anotara: “A empresa Projeto […] foi objeto de comunicações de operações financeiras […] com valor associado de R$ 216.245.708,00, reportados no período de 2008 a 2015, dos quais R$ 185.234.908,00 foram registrados em suas contas correntes e o restante em contas de terceiros…”
A crise poupou Palocci. Tudo poupou Palocci. A vida, a história, o Supremo Tribunal Federal, os correligionários, os eleitores… Palocci parecia ter descoberto a camuflagem perfeita para passar pelo mundo incólume. Disfarçara-se de Antonio Palocci, o consultor. Nenhuma revelação conseguia abarlar o seu prestígio. Até que a Lava Jato o alcançou. O PT deve ter razão. Só pode ser perseguição a um talento insuspeitado.