Num instante em que é crescente a aversão à política, aos políticos e aos partidos uma eleição se torna ainda mais relevante. É como se as crises exigissem do eleitor uma atitude. Um gesto individual e consciente. Mesmo numa eleição municipal, as crises não admitem que o eleitor se mantenha exilado no conforto da sua omissão política. Para político inconsciente, o eleitor impaciente é um santo remédio.
O primeiro passo para que o eleitor cumpra o seu papel é o abandonar a retórica de que político ''é tudo igual.'' É verdade que, em meio a tanta roubalheira, todos os gatunos parecem pardos. Mas a igualdade absoluta é uma impossibilidade genética. E o papel do eleitor é distinguir as diferenças. É complicado, exige alguma reflexão. Mas nesse processo, o pior que se pode fazer é não tentar.
Você está prestes a experimentar um momento mágico. No domingo, quando estiver diante da urna, ponha um ar solene na cara. Não tenha pressa. Pense que você é o dono desse momento. Aproveite. Você tem o poder. Você é o protagonista. Antes de apertar as teclas da urna eletrônica, certifique-se de que não esqueceu a consciência em casa. Converse com ela. Depois, vote. Há sempre a alternativa de lavar as mãos. Mas amanhã, quando olhar no espelho, não reclame da vida quando perceber que a crise é você.