O mês de outubro deverá registrar o maior número de migrações de consumidores para o mercado livre de energia —em que o preço é fechado com a comercializadora—, segundo a CCEE (do setor).
Hoje, existem 1.542 pedidos de adesão em aberto, e o próximo mês concentra 368 solicitações —348 delas são de clientes especiais (utilizam fontes renováveis).
O processo de adesão ao mercado livre leva em torno de seis meses, e a consolidação dos pedidos feitos em fevereiro, prevista para outubro, superou as expectativas, diz Roberto Castro, da CCEE.
"Ao mesmo tempo em que cresce a quantidade de agentes, cai o uso de energia per capita. Após a entrada de grandes consumidores, as companhias de menor porte têm aderido", aponta.
Na comercializadora Delta Energia, subiu o número de supermercados e universidades na carteira de clientes.
"Até junho, a solicitação de pedidos estava bem acima da média. As empresas se armavam mais contra a crise e tinham a redução de custos como mantra", segundo Ricardo Lisboa, da companhia.
A simplificação de regulamentações no início deste ano também incentivou a migração e reduziu prazos, diz.
A entrada maior ou menor de consumidores vai depender do período de chuvas, que começa em novembro e vai influenciar nas tarifas, lembra o presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos.
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Liguem as máquinas
O consumo de energia no mercado livre teve um aumento mensal de 2,3% em agosto, já desconsiderado o efeito da migração no período.
"A alta foi puxada pelo setor de metalurgia e pela indústria química", afirma Roberto Castro, conselheiro da CCEE (câmara do setor).
Os segmentos, que cresceram respectivamente 12,8% e 1,7%, representam 42,5% do mercado livre total —os dados, no entanto, computam a entrada de novas cargas.
A Comerc, que vende energia a companhias de grande porte, também registrou um consumo 2,8% maior entre julho e agosto.
"Não é uma virada brusca, mas é um sinal de que as empresas se preparam para uma melhora", afirma o presidente da comercializadora, Cristopher Vlavianos.
Na empresa, os maiores crescimentos foram dos segmentos de eletroeletrônica (9,2%) e metalurgia (5,8%).
"Como hoje a capacidade ociosa das indústrias é grande, uma retomada requer investimentos pequenos, o que pode acelerar o processo."
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Troca de marcha
A indústria automotiva prevê um crescimento pequeno no ano que vem, e projeta que a retomada ocorra só em 2018, segundo a Deloitte, que ouviu 500 executivos de empresas e entidades do setor.
Para 36,6% deles, a principal estratégia para a recuperação deverá ser o investimento em eficiência.
"Em 2017, as companhias deverão começar a retomar seus aportes. As montadoras, por serem multinacionais, conseguem trazer tecnologias de outros países com mais facilidade", afirma o sócio da consultoria, Reynaldo Saad.
Para 28%, a principal saída à crise serão os investimentos em inovação e tecnologia. Os aportes dessa categoria, porém, também deverão ser direcionados à ampliação da eficiência, diz Saad.
Modernizações mais avançadas, como carros elétricos ou automáticos, ainda estão distantes. "As empresas sabem que esse é o futuro, mas há alguns passos para chegarmos nesse patamar."
Para 62%, a falta de confiança dos consumidores é o maior problema do setor.
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Produtividade do setor têxtil cresce com o ajuste da crise
Passado o auge da crise econômica, empresários do setor têxtil afirmam que a produtividade das companhias melhorou, aponta a Abit (associação do setor).
Na comparação entre agosto deste ano e o mesmo mês de 2015 houve aumento de 40% nos indicadores.
A mudança aconteceu especialmente entre as empresas que produzem peças, que são mais intensivas em mão de obra e menos em maquinário que as de tecelagem, diz Rafael Cervone, presidente da entidade e empresário.
"O trabalho exige muita especialização, e demora para formar um funcionário. Com a crise, houve demissões, mas o natural é que os mais experientes tenham ficado."
O desemprego foi um fator de motivação para os trabalhadores, segundo Mateus Fagundes, presidente da Dois Rios, de lingerie.
"Os funcionários aumentaram a produtividade porque enxergam um mercado mais exigente e com menos ofertas de vagas", afirma.
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Hora do café
com FELIPE GUTIERREZ, DOUGLAS GAVRAS e TAÍS HIRATA