quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Governo federal encontra dificuldades para se comunicar nas redes sociais


O presidente Michel Temer durante participação na 111ª Reunião do Conselho da Câmara de Comércio Exterior - CAMEX - Jorge William / Agência O Globo


Eduardo Bresciani - O Globo


O governo federal encontra dificuldades para difundir informações por redes sociais e para quem acessa a web pelo celular. A conclusão é de uma pesquisa feita pela agência especializada de comunicação pública Isobar, obtida pelo GLOBO, que avaliou a comunicação digital de 27 órgãos do governo federal, abrangendo quase a totalidades dos ministérios.

Enquanto os sites do governo tiveram uma média de 7,5, numa escala de zero a dez, nas redes sociais a nota ficou em 3,7 e na função mobile em 4,2. Levando em conta as três plataformas, os ministérios da Educação, Defesa, Integração Nacional e Trabalho ficaram com as melhores notas (7,5), enquanto a Agricultura teve o pior resultado (2).

Nas redes sociais, o Ministério da Educação teve a melhor nota (8) e a Casa Civil a pior (1). 

A agência destaca que o MEC consegue mostrar a abrangência da atuação nessas mídias, faz atualizações em volume compatível e usa uma linguagem específica.

A atuação do governo é mais concentrada no Facebook, onde os órgãos, somados, passam de 13 milhões de seguidores. No Twitter são 3,6 milhões e no Google Plus 2,6 milhões. No Facebook, o Ministério da Educação tem o maior número de seguidores, com 2,6 milhões, e Justiça, Saúde e Trabalho tem mais de 1 milhão. No Twitter são os principais canais do governo quem lideram. A conta do Palácio do Planalto tem 507 mil seguidores e o Portal Brasil 471 mil. No Google Plus, Esporte (954 mil) e Turismo (718 mil) são os que tem mais seguidores.

Os dados gerais mostram alguns ministérios que têm condições de divulgar melhor suas informações. A pasta do Esporte ficou com média total 3,5. A avaliação foi negativa porque há alta frequência de publicações nas redes sociais e um site sem compatibilidade para acesso na função mobile. A Cultura ficou com nota 4,5, puxada para baixo pela falta de versão mobile e por uma nota apenas razoável (6) nas redes sociais. O próprio Ministério de Ciência e Tecnologia ficou em posição intermediária, com nota 5,5, por utilizar linguagem técnica e não oferecer aplicativos.

POTENCIAL SUBAPROVEITADO

A pesquisa levou em conta dados de julho deste ano. A avaliação geral é de que o governo federal tem um potencial de comunicação digital subaproveitado. A agência observa que o total de seguidores das redes sociais é superior ao de grandes veículos de mídia, o que possibilitaria ao governo realizar ações direcionadas neste universo com grande engajamento. Ressalta também a necessidade de investimento para acesso na função mobile. “É pertinente afirmar que o governo federal tem um amplo espaço disponível para envolver os cidadãos e demonstrar o esforço de suas iniciativas e realizações”, conclui a agência.

Pela análise da agência, os portais oficiais do governo (Portal Brasil), do Planalto, da Defesa e do Trabalho receberam nota 10, enquanto Saúde, Banco Central, Agricultura e Indústria tem os piores sites, com nota 5. Os melhores sites apresentam conteúdo próprio, sinergia entre as várias páginas e uma identidade padrão do governo. Nos piores, não há padronização de uma marca da administração e utiliza-se uma linguagem mais técnica, distante do cidadão.

Os ministérios do Trabalho, da Integração Nacional, da Fazenda e do Banco Central foram os únicos a receber nota 10 na versão mobile, enquanto sete órgãos nem sequer dispõe de sites compatíveis (Ministério do Esporte, da Indústria, das Relações Exteriores, da Cultura, AGU, Minas e Energia e Agricultura). A classificação leva em conta a disponibilização de aplicativos, como o que permite acompanhar as contas do FGTS, no caso do Trabalho, e os conteúdos da Receita Federal, vinculada à pasta da Fazenda.