O juiz Sergio Moro havia decretado o bloqueio de até R$ 128 milhões de Palocci, valor que os investigadores estimam ter sido pago pela Odebrecht ao PT
Por ordem do juiz Sergio Moro, o Banco Central bloqueou esta semana quase 31 milhões de reais das contas correntes do petista Antonio Palocci, ex-ministro dos governos Lula e Dilma preso na Operação Lava Jato. Investigado por relações obscuras com a empreiteira Odebrecht, cujos interesses representava no Palácio do Planalto, Palocci foi detido na última segunda-feira sob suspeita de ter recolhido propina e de atuar diretamente como intermediário dos interesses da Odebrecht, a maior empreiteira do país e cujo diretor-presidente, Marcelo Odebrecht, está atrás das grades desde junho do ano passado.
Sergio Moro havia decretado o bloqueio de até 128 milhões de reais em recursos das contas de Palocci, e o mesmo montante para os assessores do petista Juscelino Dourado e Branislav Kontic e duas empresas investigadas na 35ª fase da Lava Jato, incluindo a Projeto Consultoria Empresarial e Financeira. Na Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, empresa de Palocci, foram encontrados 30.064.080,41 reais, já bloqueados. Nas contas correntes do ex-ministro em três bancos, foram amealhados mais 814.648,45 reais, sendo o maior valor no Bradesco – 694.186,76 reais.
Ao executar o bloqueio de valores, o Banco Central registrou que não foi encontrado um único centavo nas contas registradas em nome de Juscelino Dourado. Na conta de Kontic, apenas 1501,03 reais.
Palocci já foi objeto de comunicações de operações financeiras no valor de 211 milhões de reais entre 2010 e 2015 em relatórios produzidos pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgão do Ministério da Fazenda que investiga lavagem de dinheiro. A maior parte do dinheiro foi movimentada por meio da Projeto, empresa do ex-ministro. O COAF enumerou operações suspeitas de Palocci em pelo menos 11 comunicações enviadas ao Ministério Público, à Polícia Federal e à CPI do BNDES.
O relatório do COAF cita vários outros nomes de empresas e pessoas jurídicas, que agora poderão ser definitivamente levados para o epicentro do escândalo. Entre os remetentes de recursos para a conta bancária da empresa de Palocci estão o empresário Edson de Godoy Bueno, ex-dono da Amil, com 20 milhões de reais, e a montadora CAOA, com 5,3 milhões de reais. A CAOA está envolvida em um esquema de compra de medidas provisórias e já vinha sendo investigada nas operações Acrônimo e Zelotes.