O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou o ex-ministro Paulo Bernardo e mais 19 pessoas - todos acusados de desviar mais de R$ 100 milhões de empréstimos consignados de funcionários públicos federais.
O Ministério Público afirma que Paulo Bernardo tinha conhecimento e participou do esquema que desviou dinheiro de empréstimos consignados de servidores.
Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento no governo Lula e das Comunicações no primeiro mandato de Dilma Rousseff.
Segundo o MP, os acusados de envolvimento no esquema criminoso chamavam Paulo Bernardo de patrono. Nesta segunda-feira (1º), ele foi denunciado por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.
Os procuradores afirmam que o dinheiro vinha da cobrança de R$ 1,25 por mês de todos os funcionários públicos federais ativos e inativos que pegaram empréstimo consignado entre 2010 e 2015.
Quem administrava esses empréstimos consignados era a empresa de informática Consist. Para ter esse contrato, ela aceitou em troca repassar 70% do faturamento para o esquema de desvios. Segundo a investigação, R$ 100 milhões foram transferidos para laranjas que só emitiam nota fiscal, sem prestar serviço.
A investigação aponta que Paulo Bernardo ficou com R$ 7 milhões e que o dinheiro era entregue ao advogado Guilherme Gonçalves, que fazia os pagamentos de diversas contas do ex-ministro.
“Ele não recebia esses valores na conta, até porque seria muito amadorismo fazê-lo. O Guilherme Gonçalves é um caixa pra ele”, explica o procurador da república Andrey de Mendonça.
Outra parte do dinheiro, ainda de acordo com os procuradores, ia para o Partido dos Trabalhadores.
“O Partido dos Trabalhadores recebeu da Consist R$ 17 milhões, um pouco mais de R$ 17 milhões nesse esquema”, afirma o procurador.
O Ministério Público também investiga se uma das empresas que participou do esquema repassou dinheiro para o PMDB.
A defesa de Paulo Bernardo declarou que ele não teve qualquer envolvimento com os fatos da denúncia e que o ex-ministro também não se beneficiou do acordo da secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento com associações privadas.
A Consist declarou que vai continuar colaborando com a investigação.
A defesa de Guilherme Gonçalves afirmou que as acusações não procedem.
O PT refutou as acusações e disse que as contas da campanha de 2010 foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
E, em nota, o PMDB afirmou que sempre arrecadou recursos seguindo os parâmetros legais em vigência no país.