quarta-feira, 1 de outubro de 2014

No Rio, PT corre risco de eleger bancada federal menor

Igor Mello - O Globo

Na Alerj, previsão é que partido consiga manter as seis cadeiras atuais


O desempenho aquém do esperado de Lindbergh Farias (PT) — estagnado no 4º lugar e com dificuldade para marcar dois dígitos nas pesquisas — forçou o PT e seus aliados a refazerem os cálculos em relação à eleição de deputados federais, que antes previa um crescimento expressivo da bancada. A derrapada em nível estadual, no entanto, deve ser atenuada pela inusitada coligação proporcional formada para a disputa de vagas na Câmara dos Deputados. Rivais na luta pela Presidência, PT e PSB estão juntos — aliados também ao PCdoB — e acabam compartilhando votos.

Assim, o fato de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) receberem votações expressivas no primeiro turno, impulsionando também os votos de legenda, é visto como tábua de salvação por lideranças dos três partidos.

As projeções, antes do começo da campanha, apontavam a possibilidade de o PT ampliar sua bancada federal, atualmente com cinco parlamentares, para até oito deputados, mas, atualmente, as estimativas mais realistas falam em manutenção do atual número de cadeiras na Câmara, podendo chegar, com sorte, a seis. O PSB também trabalha com a perspectiva de manter as duas vagas que possui, enquanto o PCdoB espera reeleger Jandira Feghali, sua única congressista no estado. Benedita da Silva (PT) ainda mantém esperanças de que a bancada petista cresça, mas admite que será necessária uma reação de Lindbergh.

— Precisamos que o Lindbergh suba um pouquinho — assume.

A situação só não é considerada de crise por conta da situação inusitada proporcionada pela coligação, que reuniu os candidatos a deputado federal de PT e PSB, adversários na disputa presidencial. O bom desempenho de Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) no Rio — juntas, elas somas 66% das intenções de voto na última pesquisa do Ibope, publicada na semana passada — é visto como uma compensação às dificuldades de Lindbergh na corrida pelo Palácio Guanabara.

O deputado estadual Gilberto Palmares, um dos principais apoiadores de Lindbergh no partido, acredita que a situação em nível estadual não é tão problemática quanto uma ala do partido quer pintar. Segundo ele, o histórico recente mostra que os números da candidatura ao governo tornam o PT competitivo:

— Ele está com um percentual maior do que o da nossa última candidatura própria ao governo, com o Wladimir Palmeira, em 2006. Naquela ocasião, tivemos 7% para governador e fizemos seis deputados federais.

No PSB e no PCdoB, a previsão também é manter as atuais bancadas. O PSB acredita que conseguirá novamente eleger dois deputados federais, mesmo sem contar com Romário, o mais votado do partido na última eleição, que desta vez lidera a corrida pelo Senado. O deputado federal Glauber Braga, presidente regional do PSB, diz que não é impossível chegar a três deputados federais:

— A gente vê uma possibilidade concreta de, para federal, fazer de dois a três, dependendo das votações das legendas.

Se PT, PSB e PCdoB estão unidos na disputa por vagas na Câmara, quando o assunto é a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), os partidos disputam sozinhos. Mesmo assim, em nível local o cenário previsto também é de estagnação. No PT, a previsão é manter as atuais seis cadeiras. O PSB espera eleger dois deputados estaduais, metade da bancada na legislatura anterior.