quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

FHC afirma que qualquer um que vença, Aécio ou Campos, será bom para o país

FHC afirma que qualquer um que vença, Aécio ou Campos, será bom para o país

Blog do Josias - UOL

Josias de Souza entrevista ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 

                                                       

 

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Na opinião de Fernando Henrique Cardoso qualquer um que derrote Dilma Rousseff na disputa presidencial de 2014, seja Aécio Neves ou Eduardo Campos, será bom para o país. “Não estou pensando partidariamente, estou pensando historicamente. Está na hora. O Brasil precisa arejar”, disse ele, em entrevista ao blog.

Principal líder da oposição e presidente de honra do PSDB, FHC declarou que prefere Aécio, “porque tem uma estrutura partidária maior. Mas acho que o Eduardo está tomando posições que são corretas e vai arejar de qualquer maneira.”

Ele identifica uma “fadiga de material” na administração petista. “A população está sentindo que está na hora de mudar”, avalia. Mas a mudança não virá de mão beijada. “Essa eleição só será ganha pela oposição se alguém da oposição, seja quem vier a ser, tiver coragem de dizer as coisas como elas são, com simplicidade.''

Se fosse mais jovem, disputaria a Presidência? “Se eu tivesse 15 anos a menos, na circunstância atual, sim, sim, porque eu estou com vontade de mudar”, respondeu o octagenário cacique tucano. “O Brasil está precisando de gente que fale olhando no olho das pessoas, dizendo, sem meias palavras, sem muita politiquice, as coisas como elas são.”

FHC concede entrevista ao UOL                   

 
Fernando Henrique Cardoso concede entrevista ao blogueiro do UOL Josias de Sousa na sede do instituto que leva o nome do ex-presidente, no centro de São Paulo. Principal líder da oposição e presidente de honra do PSDB, FHC falou sobre as eleições deste ano, mensalão e cartel de São Paulo Rodrigo Capote/UOL

FHC reconhece que Aécio e Campos ainda não se firmaram como contrapontos viáveis de Dilma. Acha natural, já que o eleitor só vai prestar atenção na disputa presidencial “depois da Copa.” Por ora, só a presidente é realmente conhecida. Sem “ilusões” quanto à dificuldade da disputa, celebra uma novidade: “Pela primeira vez, houve um deslocamento de blocos do governo.”

“Tanto a Marina quanto o Eduardo saem do bloco do governo e vão pro outro lado”, afirmou. “A campanha vai forçar uma certa radicalização. E acho que há, pela primeira vez também, uma articulação positiva entre o Eduardo e o Aécio.” Para FHC, ambos entenderam que precisam “somar forças.”

E quanto à aversão de Marina Silva às alianças do PSB de Campos com o PSDB? “A resistência dela é outra. Ela quer fazer o partido dela”, opinou FHC. “O objetivo da Marina não é eleger o Eduardo, é fazer a Rede. E ela quer ter candidatos que permitam que a Rede exista. Então, nesses Estados em que ela tem candidatos que podem fazer alguma aglutinação, ela vai defender os interesses dela.”

Se há “fadiga de material” em Brasília, também há em São Paulo, não acha? “Eu seria incoerente se dissesse que não”, concedeu FHC, antes de acrescentar que, ainda assim, “é difícil que o PT tenha condições de ganhar em São Paulo. Não é impossível, mas acho difícil.”

Em meio aos comentários azedos sobre o petismo, FHC reservou uma observação amena para Fernando Haddad. “O prefeito de São Paulo é um bom rapaz. Mas ele está indo mal. Não é culpa dele. O próprio governo federal [interveio] na questão do aumento dos ônibus… Ele não está se firmando. E isso é algo que ajuda o governo do PSDB em São Paulo.”

Lula já impôs ao PSDB os “postes” Dilma e Haddad. Não receia que ele consiga fazer de Alexandre Padilha governador de São Paulo? FHC responde com ironia: “Eu tenho receio de outra coisa. Que o Lula, de botar tanto poste sem luz, acabe escurecendo o Brasil. É preciso evitar isso.”

Perguntou-se a FHC se o PSDB não deve explicações ao país sobre o mensalão tucano de Minas e o cartel de trens e metrô de São Paulo. E ele: “No caso de Minas Gerais, na época, eu fui dos poucos que disse que era preciso uma explicação. Agora, vamos qualificar. O que houve em Minas Gerais foi o que o Lula disse que era natural. Foi, eventualmente, desvio de recursos para campanha eleitoral [de Eduardo Azeredo, em 1998]. Não é perdoável, mas é diferente do mensalão. O mensalão foi compra sistemática de apoio para o governo no Congresso.”

O repórter recordou a FHC: o operador dos dois mensalões é o mesmo: Marcos Valério. O agente financeiro dos empréstimos fictícios também se repete: Banco Rural. E houve desvio de verbas públicas nos dois casos. “Não estou negando isso, nem estou desculpando'', prosseguiu FHC. “Estou dizendo, entretanto, que, se houve, foi para a campanha. Não justifico, mas é diferente.” Provocado, disse esperar que o STF julgue a encrenca tucana com o mesmo rigor que aplicou no julgamento da ação penal do mensalão petista.

Sobre o cartel de São Paulo: “Acho que tem que ser apurado. Se trata de surborno, parece óbvio, de funcionários. Qual é o elo disso com o governador ou com o partido? Eu não vi nem indício. É corrupção, é condenável, mas não foi para o PSDB. Não apareceu, pelo menos até hoje, nenhum dado que diga: esse dinheiro foi usado pelo PSDB. Não foi. É outra coisa. É corrupção, condenável. O PSDB tem que explicar isso.”

Aécio já declarou que, se tiver gente do PSDB paulista envolvida no caso Siemens-Alstom, deve ir para a cadeia. Pensa do mesmo  modo? “Ah, penso. Penso. Não tem nenhuma discordância. Acho que um dos problemas no Brasil é de que tem que ter processos mais rápidos […] Roubou? Vai pra cadeia. Mas acho que no caso de São Paulo está havendo manipulação política…” Nas palavras de FHC, o dinheiro “não foi para o partido nem para os governadores'' tucanos.