Revista traz artigo otimista, mas lembra que crises cambiais são ‘auto-realizáveis’
O GloboA revista britânica “The Economist” publica em seu site e na próxima edição impressa, um artigo de tom otimista sobre os mercados emergentes sob o título “Não entre em pânico. Não há razão para uma ampla crise dos emergentes. Mas investidores tensos ainda podem causar uma”.
A publicação lembra as turbulências de 1997 e 1998 e pergunta se este ano traz uma reedição da crise, para então apontar: “Otimistas, entre os quais está o Fundo Monetário Internacional (FMI), dizem que não. Eles argumentam que a maior parte dos mercados emergentes está muito menos vulnerável que em 1997”. A tese se fundamenta em fatores como taxas de câmbio flexíveis, amplas reservas internacionais, déficits em conta corrente menores em grande parte dos países e endividamento menor e mais atrelado às próprias moedas.
Entre os pessimistas, a revista aponta os operadores de fundos de hedge, que põem mais ênfase em fatores que tornam os ativos dos emergentes menos atraentes, em especial as perspectivas de alta dos juros nos EUA e desaceleração do crescimento da China. A publicação lembra que, após anos caçando ganhos em locais arriscados, muitos investidores americanos estão levando seu dinheiro de volta para casa. E que após anos de forte crescimento do crédito, os emergentes têm novas vulnerabilidades: “políticos complacentes, alto endividamento corporativos e bancos em situação pior do que parecia”.
Ainda assim, a “Economist” diz que se posiciona ao lado dos otimistas. “Os dias de dinheiro fácil estão acabando, mas lentamente. A maioria dos emergentes está menos vulnerável do que estavam 15 anos atrás, e eles estão levantando suas defesas rapidamente”, defende a publicação., apontando que o pânico é o fator que pode por tudo a perder. “Mesmo que os fundamentos econômicos não garantam uma fuga de investidores em larga escala, as crises cambiais podem se tornar auto-realizáveis, especialmente em mercados com pouca liquidez.”
Além disso, a revista destaca que os maiores focos de depreciação foram Argentina e Turquia, cujas situações são diferentes das de outros emergentes. Ambos enfrentam alta inflação. Os argentinos tem um “governo errático” e os turcos, um grande déficit e um governo convulsionando.
A “Economist” também vê poucos problemas na desaceleração da China. “Uma redução violenta no crescimento prejudicaria os exportadores de commodities, mas não há sinais de uma queda tão abrupta.” Admite que o país enfrenta um nó em seu mercado financeiro, mas, para a revista, o governo é capaz de lidar com a questão, que, a propósito, não tem tanto impacto no mundo emergente. “Apenas investidores irritadiços conseguem ver uma conexão entre o falido sistema bancário ‘sombra’ e a queda das moedas de outros países.”