sábado, 25 de janeiro de 2014

Aeroportos precisam de investimento de R$ 57 bi até 2020, dizem aéreas

Aeroportos precisam de investimento de R$ 57 bi até 2020, dizem aéreas

  • Associação prevê que número de passageiros dobrará na próxima década
Ronaldo D’Ercole - O Globo

Infraestrutura. Concessões de aeroportos para empresas privadas deram um impulso nos recursos para melhorias Foto: Geralda Doca / Geralda Doca/27-11-2013
Infraestrutura. Concessões de aeroportos para empresas privadas deram um impulso nos recursos para melhoriasGeralda Doca / Geralda Doca/27-11-2013

Para fazer frente ao potencial de expansão do número de brasileiros que viajam de avião nos próximos anos, governo e iniciativa privada terão de investir entre R$ 42 bilhões e R$ 57 bilhões em melhorias e ampliação da infraestrutura aeroportuária brasileira até 2020. A estimativa consta de estudo elaborado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), que vê potencial para o movimento de passageiros no país mais que dobrar nos próximos oito anos, passando dos 100 milhões transportados em 2012, para 200 milhões de brasileiros no início da próxima década.

De acordo com a Abear, entidade que reúne as quatro maiores companhias brasileiras (Tam, Gol, Azul e Avianca), o maior volume dos investimentos, entre R$ 17 bilhões e R$ 24 bilhões, deveráse concentrar nos 20 maiores aeroportos do país. Outra fatia, bem menor, de R$ 3 bilhões a R$ 4 bilhões, seriam direcionados à ampliação de capacidade e melhorias dos demais aeroportos de menor porte. Para a “criação” de pelo menos 70 novos aeroportos com capacidade entre 500 mil e pouco mais de um milhão de passageiros por ano, a Abear calcula que precisarão ser desembolsados entre R$ 22 bilhões e R$ 29 bilhões para atender o aumento no movimento de passageiros.

- Vamos ter que investir em infraestrutura se quisermos crescer nesse ritmo de demanda potencial do mercado brasileiro - diz Adalberto Fideliano, consultor técnico da Abear.

O executivo lembra que entre 2002 e 2012 o número de brasileiros que viajam de avião mais que triplicou - de 30 milhões para 100 milhões por ano. Neste período, exceto algumas melhorias em Congonhas, em São Paulo (que ganhou 12 novas pontes de embarque), no Santos Dumont, no Rio (onde um edifício novo e oito fingers foram construídos), e a construção de um novo terminal no Aeroporto Guararapes, no Recife, praticamente não houve investimentos em aeroportos.

- Pior foi que quase nada se fez para ampliação de pátios e pistas de pouso. Apenas Brasília ganhou uma segunda pista- lembra Fideliano. - O que aconteceu foi que o setor aéreo ganhou produtividade no aproveitamento da mesma infraestrutura.

As recentes concessões para empresas privadas de cinco dos maiores aeroportos do país - Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e Brasília em 2012, e Galeão (Rio) e Confins (Belo Horizonte) ano passado - já deram um razoável empurrão nos aportes de recursos para a melhoria e expansão da infraestrutura dos principais terminais.

Em Cumbica, a concessionária GRU Airport, que assumiu o aeroporto em fevereiro do ano passado, já conclui a construção de um edifício-garagem para 2.644 veículos e, até maio, entrega um novo pátio com 32 posições de embarque e desembarque e um novo terminal, de número 3, além de obras de acesso. Com isso, dos R$ 6 bilhões que terá de investir nos 20 anos de sua concessão, a GRU Airport já terá desembolsado R$ 3 bilhões.

15 aeroportos com a Infraero

A concessionária Aeroporto Brasil Viracopos, que assumiu o terminal de Campinas em fevereiro de 2012, entrega um novo terminal com capacidade para 22 milhões de passageiros em maio, que irá substituir o atual, e um edifício-garagem para 4.000 carros, que demandaram aportes de R$ 2,06 bilhões, dos R$ 9,3 bilhões que a empresa terá de investir nos 30 anos de sua concessão.

Dos 20 maiores aeroportos do país - que concentram 90% dos passageiros e 95% das cargas transportadas -, 15 continuam sob a administração da Infraero, cujo ritmo de investimentos é bem menor. Situação semelhante enfrentam os terminais de menor porte, também geridos pela estatal, que, na avaliação da Abear, também são importantes e precisam de aportes.

Mas é para “novos” aeroportos que a entidade calcula que será necessário volume mais expressivo de investimentos nos próximos anos - pelo menos R$ 22 bilhões. Bem mais que os R$ 7,3 bilhões previstos pelo Programa de Investimentos Logísticos: Aeroportos, lançado pelo governo no final de 2012.

A Abear chama de “novos aeroportos" projetos de ampliação e capacitação de pequenos terminais subaproveitados.

- Os menores aviões usados pelas companhias hoje têm 50 lugares, que exigem pistas e equipamentos, como detetores de metais. Chamamos de “novos” porque são aeroportos que já existem, mas não recebem voos - explicou o consultor .

O estudo da Abear aponta também para uma conta salgada para as quatro companhias aéreas. Para atender a demanda prevista, elas terão que gastar entre R$ 26 bilhões e R$ 36 bilhões para praticamente dobrar a frota, hoje de 450 aviões, para perto de mil.