O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) deixou por volta das 13h30 o Palácio do Alvorada, residência oficial do presidente Jair Bolsonaro, em Brasília.
O parlamentar, filho mais velho do presidente, permaneceu na residência oficial durante toda a manhã e o início da tarde do sábado, dia seguinte à veiculação de um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) que apontou movimentações financeiras atípicas em seu nome.
O documento do órgão de inteligência indicou que Flávio recebeu em sua conta bancária 48 depósitos em dinheiro.
Os depósitos foram feitos no autoatendimento da agência bancária que fica dentro da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), sempre no valor de R$ 2.000. No total, foram R$ 96 mil recebidos em cinco dias. Segundo reportagem do Jornal Nacional, o documento do Coaf afirma que o fato de os depósitos terem sido feitos de forma fracionada desperta suspeita de ocultação da origem do dinheiro.
O caso se soma a outro levantamento do Coaf que atingiu o filho do presidente da República. Em dezembro, o órgão de controle identificou uma movimentação atípica, de R$ 1,2 milhão, na conta de seu ex-assessor na Alerj, Fabrício Queiroz.
O relatório revelado em dezembro foi elaborado a partir de uma investigação que apurava operações suspeitas de vários servidores e ex-servidores da Assembleia Legislativa do Rio.
O caso gerou desgaste político para Flávio e para o governo. Na semana passada, o senador eleito pediu ao STF que a investigação criminal do Ministério Público do Rio sobre o caso fosse suspensa. Ele foi atendido por uma decisão liminar (provisória) do ministro Luiz Fux.
Desde a divulgação das suspeitas sobre o ex-assessor, o senador eleito tenta se desvincular do caso e tem argumentado que não pode ser responsabilizado pelas ações de um ex-funcionário.
As revelações desta sexta (18), no entanto, intensificaram a pressão sobre o parlamentar. O Palácio do Planalto, por sua vez, iniciou estratégia para controlar a crise gerada pelo episódio.
A orientação recebida por integrantes da equipe ministerial é de que, a partir de agora, evitem comentar o tema em público, tratando-o como uma questão particular do filho do presidente Jair Bolsonaro.
A ideia é tentar, assim, blindar a gestão federal das suspeitas, reduzindo o risco delas contaminarem a imagem do presidente e afetarem a sua aprovação popular, ainda em alta no início da administração.