É inevitável reconhecer, frente ao recente episódio e as repercussões da prisão de Cesare Battisti – o condenado fugitivo precariamente disfarçado, apanhado durante prosaico passeio de fim de tarde na cidade boliviana de Santa Cruz de la Sierra: Bolsonaro e seu governo, à moda e seu jeito próprios, têm demonstrado Talento (com maiúscula mesmo) e senso de direção, em seguida à largada mambembe e o bate-cabeça inicial dos novos donos do poder. Destaques exemplares, além do caso Batistti: a assinatura do decreto da posse de armas e o encontro com o colega argentino, Maurício Macri, de forte impacto político continental, que balançou o inerte Mercosul e fez tocar o alarme no regime de Maduro, na Venezuela.
E a cereja do bolo pode estar ainda à espera do mandatário brasileiro, semana que vem, na distante e fria Suíça. Neste domingo, Bolsonaro embarca para participar do Fórum Econômico Mundial de Davos, onde fará sua estréia internacional. Na comitiva leva estrelas de primeira grandeza: os superministros Paulo Guedes, da Economia; Sérgio Moro, da Justiça e Segurança; e o agitador chanceler Ernesto Araújo, de polêmicas garantidas com “as esquerdas” .
Sem as presenças dos presidentes Donald Trump, dos Estados Unidos (declarado fã do capitão) e da França, Emmanuel Macron, a expectativa é que o mandatário do Brasil se transforme em uma das principais atrações de Davos 2019.
Sei que muita gente – principalmente a turma ligada aos donos do poder nos últimos quase 15 anos, ou deles beneficiária em seus interesses, mamatas e falcatruas – vai torcer o nariz, mas cito fatos jornalísticos. Faço também um esclarecimento de ordem política, conceitual e de princípios, retirado do livro “Rompendo o Cerco”, cujo exemplar recebi pessoalmente das mãos de Ulysses Guimarães – com honrosa e inestimável dedicatória -, depois da cobertura pelo Jornal do Brasil (cuja redação da sucursal eu chefiava então em Salvador), na “noite dos cães selvagens” açulados pelas tropas de elite da PM contra o presidente do MDB, em dramático e insano 1º de Maio, na Bahia, nos Anos 70 de embates contra a ditadura e de quase todas as loucuras.
Talento é o terceiro mandamento do Estatuto do Estadista, cujo enunciado diz: “Não há estadista burro. Há de ser talentoso, embora possa não ter cultura. Tiradentes e Juarez não tiveram cultura, mas foram estadistas porque tiveram talento político. Talento é o dom de acertar”…
Fatos. É disso que se trata aqui e agora. Goste-se ou não do que pensa, diz e faz o capitão da reserva do Exército, eleito com mais de 57 milhões votos para mandar no Palácio do Planalto, nos próximos quatro anos (pelo menos). O caso Batistti é exemplo cabal de visão em perspectiva política e histórica, atributo em falta na maioria dos políticos e governantes do País.
Com negociações diplomáticas ágeis e objetivas dos três governos diretamente envolvidos no caso, desde a prisão, no sábado, até o embarque do criminoso, em vôo direto, Santa Cruz de La Sierra/Roma, patrocinado pelo governo italiano, para – depois de 37 anos de fugas e estranhos benefícios, – o condenado pela justiça da Itália começar efetivamente a cumprir pena de prisão perpétua, em penitenciária de máxima segurança, numa ilha na Sicília, de onde ninguém até agora conseguiu fugir.
Com negociações diplomáticas ágeis e objetivas dos três governos diretamente envolvidos no caso, desde a prisão, no sábado, até o embarque do criminoso, em vôo direto, Santa Cruz de La Sierra/Roma, patrocinado pelo governo italiano, para – depois de 37 anos de fugas e estranhos benefícios, – o condenado pela justiça da Itália começar efetivamente a cumprir pena de prisão perpétua, em penitenciária de máxima segurança, numa ilha na Sicília, de onde ninguém até agora conseguiu fugir.
É isto, por enquanto, e não é pouco. Agora esperemos o que virá em Davos, e depois. A conferir.
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta
Blog do Noblat, Veja