Passei o dia observando as manchetes de todos os jornais que se esforçam para decifrar o governo Bolsonaro; li coisas do tipo: “a política da raiva” até “ele é mais intuitivo do que estrategista”. O fato é que depois de décadas de governos progressistas, é normal estranharmos o conservadorismo.
Aqui cabe lembrar que ainda não experimentamos o conservadorismo de fato!
O governo ficou amarrado até metade de junho, cumprindo obrigações e falando pouco para viabilizar a reforma da previdência.
Bolsonaro foi desafiado pelos presidentes da Câmara e do Senado, e até por ministros do STF.
Ficou neutralizado por 6 longos meses e seus eleitores esperavam o mesmo “mito” da campanha governando o país, mas a necessidade de submissão aos poderosos que ainda trabalham para que a velha política volte a reinar, o fez usar a tática de guerra de recuar para não perder o pelotão.
Resultado?
O presidente teve que engolir críticas tanto da oposição, quanto de seus eleitores, mas a reforma passou.
Já chamei atenção para esta data histórica e vou reforçar os dados:
Exatamente dia 14 de junho o General Augusto Heleno estava tomando café da manhã com o presidente da República e representantes de toda a mídia brasileira, ele deu um murro na mesa fazendo duras críticas ao país que ainda escuta um presidente que está preso por corrupção.
Naquele momento eu escrevi: “a partir de hoje vamos experimentar um governo mais conservador, mais à direita de fato”.
O ato seguinte reforçou minha análise, dia 27 de junho, aconteceu a demissão do General Santos Cruz por “falta de alinhamento ideológico”; este foi o fator chave para elucidar o mistério, quem não estivesse alinhado à direita seria demitido e Bolsonaro estava livre para falar. Consequência do murro e da manobra à direita: A aprovação do presidente subiu para 57% - segundo dados publicados nesta quarta-feira, dia 31 de julho pelo site Crítica Nacional - e finalmente, o presidente sentiu-se à vontade para falar e até se divertir nas lives de quinta-feira.
Mesmo com o presidente calado temos:
- Reforma da previdência aprovada.
- Acordos financeiros importantes.
- O canhão da privatização apontado.
- Cortes de gastos e demissões.
- Pessoas estratégicas sendo colocadas em cargos estratégicos com apoio irrestrito do, até então, calado presidente.
Com o “presidente falante” temos:
- As ONGs estão desacreditadas.
- As teorias ambientais em suspeição.
- A comissão da verdade em xeque.
- A mídia desmoralizada.
Se isso é "intuição", imaginem quando Bolsonaro aprender a governar...
Raquel Brugnera
Pós Graduando em Comunicação Eleitoral, Estratégia e Marketing Político - Universidade Estácio de Sá - RJ.
Jornal da Cidade