A surpresa positiva com o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2019 reforçou os prognósticos otimistas dos analistas do mercado financeiro com os setores de varejo e construção. Isso porque o consumo das famílias, com crescimento de 0,3% em relação ao primeiro trimestre e de 1,6% na comparação anual, e a construção civil interrompeu 20 trimestres seguidos de queda, com avanço de 2% frente ao segundo trimestre de 2018.
O economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira, acredita que varejo e construção devem apresentar melhoras mais consistentes em seus resultados nos próximos trimestres. Segundo ele, depois de dois anos de recessão, o consumo está represado, e uma parte da melhora do cenário pode estar ligado à necessidade de reposição.
Sobre o setor de construção, as taxas de juros mais baixas e perspectiva de novos cortes na Selic, além dos preços de imóveis em queda, devem ajudar a melhorar o cenário ainda mais. "O setor deve ter dinâmica melhor na recolocação dos estoques e começar a melhorar lançamentos. Lembramos que estamos partindo de níveis muito baixos e, portanto, a expansão fica mais fácil", diz Bandeira.
Para o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, a demanda doméstica segue reprimida. Por isso, qualquer sinal de melhora acaba superando as expectativas, como aconteceu no segundo trimestre. "A perspectiva continua apontando para um quarto trimestre mais aquecido no consumo, até pela sazonalidade das festas de final de ano. Uma melhora representativa virá em 2020", afirma o profissional.
André Silva, analista do MyCap, avalia que os resultados do segundo trimestre representam "um tom mais ameno e esperançoso" para a economia, mas ainda há muito a ser feito para que as projeções para o ano sejam atingidas. Ele ressalta que o governo tem conseguido estimular a economia com algumas medidas de curto prazo, como a liberação de recursos do FGTS e correção do financiamento imobiliário pelo IPCA, entra outras ações. Para Silva, essa última medida "tende a melhorar ainda mais a retomada do setor de construção civil, que possui muita influência no crescimento econômico do País, uma vez que é o setor que mais emprega".
O analista da Nova Futura Investimentos, Alexandre Faturi, mantém o otimismo em relação às varejistas. E lembra que as construtoras já devem sentir os benefícios dos financiamentos indexados pelo IPCA, com vendas maiores. "Com a constatação de que o setor teve performance acima da esperada no segundo trimestre, a perspectiva do setor fica reforçada", diz Faturi.
Com o final do mês de agosto, muitas corretoras fizeram alterações em suas carteiras recomendadas. Algumas fazem revisões apenas mensais, como o Bradesco BBI, que fez três alterações. Foram inseridas CPFL ON, Petrobras PN e Tenda ON na carteira de setembro.
A Socopa é outra que faz alterações mensais, e para setembro, retirou Itaú Unibanco PN e Metalúrgica Gerdau PN, inserindo CPFL ON e Multiplan ON. Sobre a CPFL, a corretora afirma que a ação está muito descontada em relação a outros pares como Equatorial e Energisa, e a empresa está bem posicionada para crescer como consolidadora tanto em distribuição quanto em geração.
A Planner fez duas mudanças, com as saídas de Neoenergia ON e RD ON, e as entradas de Linx ON e Arezzo ON. A Guide Investimentos também realizou duas trocas, com as saídas de Cemig PN e Banrisul PNB e inclusão de Magazine Luiza ON e B3 ON.
A Mirae realizou três mudanças para a semana, inserindo Bradesco PN, Kroton ON e Petrobras PN. O MyCap fez quatro alterações, mantendo só Movida ON em relação à semana passada. Entraram B3 ON, CTEEP ON, MRV ON e Azul PN.
A Nova Futura fez quatro mudanças. Entraram Bradesco PN, Gerdau PN, Embraer ON e Petrobras PN. O Modalmais trocou toda a carteira, composta por Petrobras PN, Vale ON, Bradesco PN, Kroton ON e Ultrapar ON.
Termômetro
O otimismo sobre o desempenho do Ibovespa na próxima semana deu um salto no Termômetro Broadcast Bolsa, que tem por objetivo captar o sentimento de operadores, analistas e gestores para o comportamento do índice da B3 na semana seguinte.
Entre 21 participantes, a expectativa de que o período será de ganhos disparou a 80,95%, porcentual que representa a máxima da série histórica da pesquisa iniciada em abril de 2017. Até então, a melhor marca era de 80%, registrada em 24/11/2017. No levantamento da semana passada, a percepção era positiva para 52,38% dos participantes.
A melhora nas perspectivas também é vista pela queda, para 9,52% do total, da fatia dos que acreditam que o período será de perdas, ante 28,57% na pesquisa anterior. Os que esperam estabilidade também são 9,52% do universo, contra 19,05% na última sondagem. A Bolsa fechou a semana acumulando valorização de 3,55%.
Setembro começará com agenda robusta de indicadores Brasil, que contempla a produção industrial de julho e dados da Anfavea sobre produção de veículos em agosto. O destaque, porém, virá na sexta-feira, com a divulgação do IPCA de agosto. "O IPCA seguirá favorável, mostrando alta de 0,10%", afirma o Bradesco, em relatório. Em julho, o índice subiu 0,19%.
Entre os eventos, há expectativa em torno da votação, na próxima quarta-feira, do relatório da Previdência, apresentado pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
Nos Estados Unidos, a semana começará com os mercados fechados em função do feriado do Dia do Trabalho na segunda-feira. A agenda norte-americana traz na quarta-feira a divulgação do Livro Bege do Federal Reserve (banco central americano), mas o destaque da semana será o relatório de emprego relativo a agosto, na sexta-feira.
Renato Carvalho, O Estado de S.Paulo