Enquanto o povaréu indignado volta sua atenção à barulheira causada pelo crepitar do fogo amazônico que queima nas páginas da imprensalha, destruindo toda a vida inteligente e animaizinhos inocentes como a girafa, o urso panda e o ornitorrinco, o STF trabalha em silêncio.
Quietinhos, vão armando novamente outra tentativa para soltar o embusteiro lula da silva.
No calor do fogaréu e da discussão inútil sobre as caneladas entre Bolsonaro e Macron, passa desapercebida a estratégia dos homens da capa preta.
Na terça (27), por exemplo, gilmar mendes, lewandowski e cármen lúcia anularam a condenação de Bendine, ex-presidente da Petrobrás e do Banco do Brasil.
A alegação para o ato é surrealista: um detalhezinho - falha processual.
Não se colocou em questão a culpabilidade do réu, mais sujo do que pau de galinheiro, atestado por todos.
Não.
E estavam pouco se lixando para o personagem Bendine.
O importante era abrir um precedente.
Um precedente que beneficiasse e justificasse a anulação dos processos de lula.
A decisão foi imediatamente usada pela defesa do vigarista em cana, que solicita a anulação dos processos do Instituto lula, do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia.
O trio entregou de bandeja o que lula precisava para sonhar de novo com a liberdade e com a destruição do Brasil.
Fachin, o relator do imbróglio, foi voto vencido.
Os procuradores da Lava Jato reagiram indignados.
Porque o precedente irá afetar todos os julgamentos de acusados em circunstâncias semelhantes, como quer e alega a defesa de lula.
Afirmam alguns juristas que o precedente - no caso do homenzinho - se aplica somente em relação à condenação do sítio de Atibaia, e não na do triplex.
Mas por aqui, num país dominado pelo palavrório incompreensível e malandro dos duvidosos juízes do STF, qualquer coisa é possível.
Todos já vimos filmes deprimentes e surrealistas protagonizados por essa turma.
Enquanto isso, encarcerado, lula sonha com o fogo.
Não o fogo da Amazônia, naturalmente, para o qual aliás jamais deu a menor atenção enquanto estava na cadeira de presidente.
Ele sonha com um fogo mais abrangente.
O fogo que irá colocar no Brasil quando estiver livre.
O que, esperamos, aconteça daqui a uns vinte anos.
Ou mais.
Marco Angeli Full
Artista plástico, publicitário e diretor de criação.
Jornal da Cidade