Pelo menos 40 oficiais jihadistas morreram neste sábado, 31, no noroeste da Síria após um ataque com míssil reivindicado pelos Estados Unidos, anunciou a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Segundo o OSDH, o prédio atingido pelos mísseis sediava na hora do ataque uma reunião das facções armadas que atuam na província de Idlib, último reduto dos opositores do regime do presidente do país, Bashar al Assad.
A ofensiva, que ocorreu em um campo de treinamento ao norte de Idlib, teve como alvo líderes da organização conhecida como AQ-S ("Al Qaeda na Síria"), que seria responsável por "ataques que ameaçam cidadãos e parceiros dos Estados Unidos e civis inocentes", informou o tenente-coronel Earl Brown, porta-voz do Comando Central americano, através de um comunicado.
Esta ação, que pode ser considerada a mais mortífera contra os jihadistas na Síria, ocorreu no primeiro dia de trégua nos bombardeios aéreos realizados pelo governo de Assad e sua aliada Rússia em Idlib, província do noroeste do país sob controle rebelde e jihadista.
Esta é a segunda ação do governo americano contra grupos vinculados à Al Qaeda na Síria.
O primeiro ocorreu no dia 30 de junho, quando lideranças da organização fundada por Osama bin Laden estavam em um centro de treinamento perto de Aleppo. Não há informações sobre vítimas.
A ofensiva contra a Al Qaeda foge do padrão de atuação dos americanos na região, já que a coalizão internacional criada em 2014 liderada pelos EUA focou em eliminar os integrantes do grupo Estado Islâmico (EI) do leste e do nordeste da Síria desde o início no conflito civil no país.
Embora as tropas americanas permaneçam na Síria, os atentados contra alvos extremistas foram reduzidos consideravelmente desde 2017.
O cessar-fogo
A região de Idlib vivia uma manhã de tranquilidade neste sábado após o Exército da Síria, que realiza uma ofensiva contra os grupos de oposição na região, ter aceitado o cessar-fogo.
Segundo o Observatório Sírio, aviões da Rússia, aliada do governo de Bashar al Assad, não realizaram nenhum ataque na região em cumprimento da trégua.
O Centro Russo pediu em um comunicado "aos comandantes dos grupos armados que renunciem às provocações e se unam ao processo de solução pacífica nas zonas que controlam".
"A trégua tem por objetivo estabilizar a situação", completa a nota.
A agência oficial síria SANA anunciou neste sábado que Damasco aceita o acordo, mas o exército sírio destacou que se "reserva o direito de reagir às violações" da trégua por parte dos jihadistas e dos grupos rebeldes.
Após vários meses de intensos bombardeios das aviações russa e síria, as forças de Bashar al-Assad iniciaram em 8 de agosto uma ofensiva terrestre em Idlib, controlada pelo grupo jihadista Hayat Tahrir Al Sham (HTS, ex-braço sírio da Al-Qaeda).
Este é o esforço mais recente da Rússia para evitar o que a ONU descreve como um dos "maiores pesadelos humanitários" do conflito.
Poucas horas antes do início da trégua, um bombardeio russo atingiu um centro médico em Aleppo e deixou diversos feridos, segundo o OSDH.
"O número de ataques contra instalações médicas, de ensino e pontos de abastecimento de água é o maior no mundo", declarou na sexta-feira Panos Moumtzis, diretor humanitário da ONU na Síria. "Isto é inaceitável", completou.
AFP, EFE e O Estado de S.Paulo