O Brasil registrou crescimento econômico de 0,4% no segundo trimestre deste ano em comparação aos três meses imediatamente anteriores, segundo divulgou nesta quinta-feira, 29, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O desempenho é superior ao de países desenvolvidos como a Alemanha e a França, mas inferior aos vizinhos latino-americanos Colômbia e Chile.
Dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que compila as informações de Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 40 países, revelam que o país está na 14ª colocação entre as 24 nações que já soltaram seus resultados referentes ao segundo trimestre. O PIB é o principal indicador para medir o crescimento da economia de um país. O índice soma todos os bens e serviços finais produzidos em um determinado período de tempo na moeda corrente do local.
Para Juliana Trece, pesquisadora do FGV IBRE, o resultado pode ser visto de um viés positivo ou negativo. Pensando no copo meio cheio, segundo ela, é destacável um crescimento de 0,4% em um cenário de global de desconfiança: a União Europeia viu suas maiores economias perderem fôlego, a exemplo de França, Alemanha e Reino Unido; China e Estados Unidos travam uma disputa comercial com forte interferências no comércio externo mundial; e a vizinha Argentina, uma das principais parceiras comerciais, passa por grave crise econômica e política.
Analisando negativamente, Trece cita que o crescimento ainda está muito aquém do que poderia ser. Na visão da pesquisadora, o cenário externo delicado já reflete em setores do país e a tendência é que a situação piore. “É um resultado bom, mas pensando em um cenário de desaceleração mundial, não sei se isso vai ser sustentado”, analisa. No caso das exportações, por exemplo, já são duas quedas seguidas em comparação ao trimestre imediatamente anterior. “É um dado que chama um pouco de atenção. Não estamos conseguindo que o mundo compre nossos produtos. E a importação está crescendo, o que mostra que a renda está sendo enviada para fora”, acrescenta a pesquisadora.
América Latina
Nos anos recentes, países como o Chile, a Colômbia e o México apresentaram maior taxa de crescimento em comparação ao Brasil. Enquanto europeus sentem o impacto do cenário global, essas nações latino-americanas se mantém em patamar relativamente positivo.
O caso do Chile é o que mais chama a atenção, pois une desenvolvimento econômico ao social. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, o Índice de Desenvolvimento Humano do país é 0.843, considerado — ocupa a 44° colocação em ranking com todas as nações do mundo. O do Brasil é de 0.759 (79° colocação), o da Colômbia de 0,747 (90°), e o do México de 0.774 (74°).
Em entrevista a VEJA, Cristian Rodríguez, diretor da agência de promoção de investimentos externos do governo chileno, admite que o cenário global afeta o país. Porém, segundo ele, “no contexto de proteção comercial atual, com guerra comercial entre Estados Unidos e China afetando todos os países, os investidores buscam proteção. E essa é também uma das razões porque o Chile mantém esses números. Porque é visto como um lugar seguro”, diz. De acordo com ele, o crescimento dos investimentos no país superou segundo trimestre em mais de 100% o resultado registrado no mesmo período do ano passado.
André Romani, Veja