A anulação da Operação Castelo de Areia é um dos episódios mais obscuros da história recente do Judiciário. Em sua delação premiada, Antonio Palocci detalhou a articulação que teria sido comandada pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.
Segundo Palocci, Dilma Rousseff sabia de tudo e teria sido beneficiada com um repasse de R$ 50 milhões da Camargo Corrêa para a campanha presidencial de 2010. O acerto foi comunicado pelo advogado numa reunião com Palocci e Dilma, na residência oficial da então ministra da Casa Civil.
Posteriormente, a petista teria telefonado para o “italiano”, pedindo para participar de reunião com Luiz Nascimento, sócio da empreiteira. Mas foi dissuadida sob o argumento de que não seria conveniente ela tratar “diretamente” com o executivo.
O delator contou à Polícia Federal que os R$ 50 milhões foram pulverizados como doações a diversos candidatos do PT.
A Camargo Corrêa teria pago ainda R$ 5 milhões ao então presidente do STJ, César Asfor Rocha, responsável pela liminar que suspendeu a operação. O dinheiro, segundo Palocci ouviu de Thomaz Bastos, teria sido depositado na conta de um familiar no exterior.
Asfor Rocha sempre negou qualquer recebimento.
O ex-ministro contou ainda que, depois da liminar, foi feito um esforço político para que o colegiado do tribunal corroborasse a suspensão da Castelo de Areia, na votação do mérito do Habeas Corpus 159.159 – o que de fato ocorreu.
O próprio Palocci contou ter recebido do escritório de Thomaz Bastos o valor de R$ 1,5 milhão por sua atuação no caso, que também foi remetido por Edson Fachin ao MPF de São Paulo.
Como disse Marcelo Odebrecht num de seus emails, Dilma correu risco de sair do Planalto algemada.
Por Claudio Dantas, O Antagonista