Alessandro Shinoda - 8.ago.2011/Folhapress | |
Analistas veem a Bolsa acima dos 60 mil pontos ainda neste ano |
TÁSSIA KASTNER
EULINA OLIVEIRA
Folha de São Paulo
EULINA OLIVEIRA
Folha de São Paulo
Os ventos favoráveis que levam a Bolsa para os 60 mil pontos e o dólar para perto de R$ 3 sopram tanto do mercado externo como do doméstico. Mas podem mudar.
Com a conclusão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, os olhos dos investidores se voltam para o andamento das reformas propostas pelo governo de Michel Temer e para os rumos dos juros norte-americanos.
Na sexta (26), a presidente do Federal Reserve (BC dos EUA), Janet Yellen, disse que a alta na taxa de juros está ganhando força, com a melhora no mercado de trabalho.
O efeito disso pode ser uma migração de investidores para os EUA, o que no Brasil se traduziria na alta do dólar.
As taxas de juros negativas em países desenvolvidos vêm inundando o mundo de dinheiro. Esse fluxo chegou ao Brasil e ajudou na recuperação do mercado acionário, ao lado das perspectivas de melhora da economia brasileira.
O mesmo motivo levou o dólar a recuar 18%, para R$ 3,24, na maior desvalorização da moeda no mundo em 2016.
"O ambiente externo foi a variável mais importante em termos de afetar preços e dirigir o mercado desde o começo deste ano. Não foi uma exclusividade do Brasil", afirma Carlos Constantini, diretor da Itaú BBA Corretora.
Para o otimismo continuar, analistas contam com a aprovação de reformas para ajustar as contas do governo. Isso pode potencializar a valorização da Bolsa brasileira, que neste ano já subiu 33% -a maior alta entre as principais Bolsas no mundo.
Raphael Figueiredo, analista da Clear Corretora, sugere que o Ibovespa terminará o ano em 66 mil pontos. Considerando o nível atual, o espaço de ganho até dezembro seria de cerca de 14%.
"Mas, num caso hipotético de as reformas aprovadas no Congresso surpreenderem positivamente, 70 mil pontos serão pouco para o Ibovespa", afirma Figueiredo.
Aline Sun, sócia da corretora Guide, vê espaço menor, até 63 mil pontos. Já Constantini vê estrangeiros mais interessados em ações fora do índice ou mesmo em novas emissões de ações (IPOs).
Isso torna mais complicado para o pequeno investidor acompanhar os ganhos daqui para a frente em ações. "Ainda tem dinheiro para entrar e muitos investidores vão tomando decisões à medida que reduz a incerteza. Se existe dinheiro entrando, a resposta natural é continuar subindo", diz Constantini.
Para a corretora Coinvalores, "o cenário de entrada de investimentos no pós-impeachment deve ocorrer e está condicionado à continuidade da liquidez no exterior, bem como à capacidade do governo em emplacar reformas".