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A presidente afastada Dilma Rousseff faz sua defesa no julgamento final do processo de impeachment |
LEANDRO COLON - Folha de São Paulo
Dilma Rousseff fez um discurso previsível e que dificilmente vai alterar a perspectiva de votos no plenário do Senado.
A petista não trouxe nada novo. Repetiu os mesmos tom e conteúdo de entrevistas e declarações dadas por ela desde que foi afastada em 12 de maio.
Da tribuna do Senado, relembrou seu sofrimento no período de ditadura militar e disse ser honesta, vítima das elites e da chantagem do desafeto Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Erros cometidos? Foi discreta ao confessá-los: "Como todos, tenho defeitos e cometo erros".
A palavra "erros", aliás, foi mencionada por apenas duas vezes. "Humildade" foi citada somente em uma frase.
Dilma reafirmou que o impeachment será a consumação de um "golpe de Estado" e classificou o governo interino de Michel Temer de "usurpador". "Um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um governo usurpador", afirmou.
Falou ainda em chantagem de Eduardo Cunha: "Exigia aquele parlamentar que eu intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação".
Dilma enumerou medidas de seu governo e criticou a ausência de mulheres e negros no ministério de Temer. Atacou, sem citar o nome de Aécio Neves (PSDB-MG), o "candidato derrotado" nas eleições de 2014. "Disseram que as eleições haviam sido fraudadas, pediram auditoria nas urnas", afirmou.
Nada acima é novidade para quem acompanha passo a passo o desenrolar da crise política em torno dela.
Dilma se comparou aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
O discurso deste dia 29 de agosto é um registro para a história, um registro para a biografia de Dilma Rousseff, e não para mudar o votos dos senadores que defendem seu impeachment.