Lucas Hirata - O Estado de São Paulo
Classificação da empresa passou de BBB+ para BBB, com possibilidade de novo rebaixamento; empresa registrou terceiro prejuízo consecutivo no primeiro trimestre de 2015
A agência de classificação de riscos Standard & Poor's rebaixou nesta quinta-feira, 30, os ratings da Vale, incluindo a nota de crédito corporativo, para BBB, de BBB+, com perspectiva negativa. De acordo com a S&P, o rebaixamento reflete "a forte pressão do efeito combinado da queda nos preços do minério de ferro e dos níveis de investimento consideráveis na alavancagem da empresa em 2015 e 2016". Nesta quinta-feira, 30, a mineradora informou que registrou prejuízo de R$ 9,5 bilhões no primeiro trimestre de 2015, o terceiro consecutivo.
A mudança de rating também inclui as notas aos papéis da empresa emitidos pela Vale Canada, Vale Overseas Limited e PT Vale Indonesia Tbk. A entidade informou também que todos os ratings foram removidos da listagem de CreditWatch ou observação de crédito, na qual foram colocados com implicações negativas em 13 de abril de 2015.
A agência ressaltou em comunicado que, apesar de continuar a esperar uma redução significativa na alavancagem em 2017 e anos subsequentes, considera atualmente uma queda nos preços do minério de ferro. Dessa forma, a S&P projeta métricas de crédito mais fracas, o que levou a agência a alterar a avaliação do perfil de risco financeiro da Vale de "intermediária" para "significativa".
"As quedas nos preços têm prejudicado os níveis de rentabilidade da indústria, afetando principalmente os produtores menos diversificados, como a Vale", ressaltou em comunicado.
A S&P citou outros dois fatores como os principais pontos fracos da Vale em comparação com outras empresas de metais e mineração com alto grau de investimento: a volatilidade da rentabilidade e a baixa diversificação do portfólio. "Ainda assim, sua grande escala e liderança quanto à posição de custo operacional suportam nossa avaliação do perfil de negócios 'forte'", afirmou.
Para a agência, a empresa depende significativamente da venda de ativos e fontes não convencionais de caixa para impedir aumentos significativos nos níveis de dívida, o que pressiona os ratings. "O momento e a abrangência dessas medidas dependem das condições de mercado, sendo, portanto, difícil de prever. Entretanto, acreditamos que seja altamente provável que a empresa receba dessas fontes fluxos de caixa significativos nos próximos dois anos", afirmou.
Sobre possíveis ações futuras, a S&P disse que pode rebaixar a nota da Vale em um degrau "se as perspectivas para o índice de dívida ajustada sobre EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) abaixo de 4x e o índice de geração interna de caixa (FFO, ou funds from operations) sobre dívida próximo a 20% até 2016 se tornarem irreais".
Já um cenário de elevação é pouco provável no momento, dadas as nossas premissas de preço. No entanto, "poderemos alterar a perspectiva para estável se os preços à vista (spot) se recuperem para US$60 por tonelada, tornando a necessidade de venda de ativos/medidas de contribuição de caixa não recorrente menos relevante em 2016".