sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Tombini: Brasil precisa crescer mais do que 2%

Tombini: Brasil precisa crescer mais do que 2%

  • Em Davos, presidente do Banco Central afirma que não está satisfeito com desempenho da economia brasileira
Deborah Berlinck, Enviada Especial - O Globo
 
DAVOS (Suíça) - O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, reconheceu hoje num debate no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que não está satisfeito com um crescimento de 2% para o Brasil e que o país precisa de mais. Respondendo a uma pergunta do moderador do debate sobre se 2% era "suficientemente bom" Tombini disse :

- Não. Precisamos fazer mais.

Mas ele disse que o governo está trabalhando para isso, investindo no lado da oferta, por exemplo, em infra-estrutura :

- Temos seis aeroportos internacionais sendo construidos, muita construção, ênfase na educação. A agenda deve ser pró-crescimento. Uma agenda de ofer. E está muito bem organizada nesta direção.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu esta semana pela segunda vez a previsão de crescimento para o Brasil : de 2,5% para 2,3% em 2014 e de 3,2% para 2,8% em 2014.

Tombini reconheceu que o Brasil precisa desenvolver novas fontes de crescimento :

- O Brasil está perto do pleno emprego. Daqui para frente, precisamos desenvolver novas fontes de crescimento – disse lembrando que há melhores condições para a indústria, como redução do custo de energia ou dos encargos salariais.

Quanto à inflação, outra fonte de procupação em Davos em relação ao Brasil, o presidente do Banco Central garantiu que a "inflação está diminuindo" no Brasil. Mas também disse que é preciso baixar mais :

- Inflação está diminuindo. Mas ainda precisamos nos mover mais nesta direção – afirmou.
O presidente do Banco Central lembrou que o real foi uma das moedas que mais se valorizou por conta da crise internacional. Mas para lidar com isso o Brasil "tem amortecedores" e os usou. No entanto, ao final do debate ele previu "mais volatilidade" no câmbio por conta da falta de sincronização de políticas monetários entre Estados, Europa e Japão.

Um dos assuntos mais falados este ano em Davos é a recuperação surpreendente da economia americana, com previsão de uma expansão de 3,3% neste ano. Mas nem todos estão entusiastas. O ex-secretário de Tesouro americano, Lawrence Summers, hoje na Universidade de Harvard, foi crítico no debate a ponto de não excluir uma nova desaceleração:

- A recuperação certamente não foi ideal. A economia dos Estados Unidos não ganhou nada (com a atual recuperação). E o desempenho também não tem sido bom em outras partes do mundo industrial - disse.

Summers se queixou do baixo investimento dos EUA em infra-estrutura e se disse preocupado com a capacidade de seu país garantir um crescimento sólido que seja " financeiramente sustentável ". Lembrando que além do déficit em infra-estrutura os EUA estão investindo 25% menos em ciência, ele concluiu:

- Eu excluiria a possibilidade de uma desaceleração ? Não! - disse Summers.

Já o ministro de Finanças da Grã-Bretanha, George Osborne disse que " política monetária " funcionou para tirar a Grã-Bretanha da recessão. Sobre a recuperação da economia britânica, Osborne reconheceu que ainda há muito o que fazer:

- O trabalho não acabou. Não está nem pela metade. Muito da recuperação foi apoiada pelo consumo. Um componente chave à partir de agora será investimentos do mundo dos negócios em exportações.