Em almoço com alguns dos principais nomes do PSDB, o presidenciável tucano, senador Aécio Neves (MG), disse nesta terça-feira (28) ver com preocupação as crises econômicas na Argentina e Venezuela e criticou o financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para o Porto de Mariel, em Cuba. A obra foi inaugurada pela presidente Dilma Rousseff (PT) na segunda-feira (27).
"Finalmente a presidente Dilma inaugurou a primeira grande obra de seu governo, pena que em Cuba", disse o senador a aliados. Ele fez o comentário durante o almoço na capital paulista.
Participaram do encontro o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o deputado Sérgio Guerra (PSDB-PE), o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), o ex-ministro de Relações Exteriores, Celso Lafer, e o ex-embaixador do Brasil em Washington, Rubens Barbosa. O vereador Andrea Matarazzo (PSDB-SP) foi o último a chegar ao restaurante, em Higienópolis.
O Brasil forneceu um crédito de US$ 802 milhões (R$ 1,92 bilhão) para a construção do porto, que custou US$ 957 milhões. Após o lançamento da primeira parte do empreendimento, Dilma anunciou, ao lado do ditador cubano Raul Castro, um investimento adicional de US$ 290 milhões (R$ 701 milhões) na zona econômica especial do porto de Mariel, dos quais 85% virão de crédito do BNDES e os restantes 15% serão a contrapartida do governo cubano.
O senador Aécio Neves e sua mulher, a gaúcha Letícia Weber
PROGRAMA DE GOVERNO
Antes do almoço, Aécio se reuniu com Lafer e Barbosa no apartamento de FHC. Barbosa será responsável pelo capítulo de relações exteriores e comércio internacional do programa de governo que Aécio apresentará durante a campanha presidencial. Lafer também será colaborador. O coordenador-geral do programa será o governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia.
No encontro reservado, eles trocaram impressões sobre a crise econômica na Argentina. Segundo interlocutores, Aécio teria demonstrado preocupação com a repercussão da recessão do país vizinho no Brasil, e ressaltou que a esse cenário se somam as dificuldades da Venezuela. Os dois países são compradores de produtos brasileiros manufaturados e a extensão dos problemas "gera preocupação" no mercado interno, na avaliação do senador tucano.
Aécio também conversou sobre seu projeto de mudar o perfil da participação do Brasil no Mercosul.
O senador teria dito que o país não pode ficar "amarrado" ao mercado de países da América do Sul.
O almoço foi a terceira agenda de Aécio em São Paulo em quatro dias. O senador esteve na noite de segunda um encontro reservado com o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), no qual lhe contou os planos de lançar sua candidatura presidencial em São Paulo. Consultado, Alckmin disse que seria "um gesto importante" para os tucanos do Estado. O próximo a ser ouvido pelo senador sobre o assunto é o ex-governador José Serra. Aécio espera construir um consenso com os líderes do partido no Estado para, então, definir uma data. A ideia do tucano é fazer o ato no fim de março.