terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Chef do restaurante e o governo português souberam no dia 25 da escala de Dilma, "a estadista do mensalão"

O chef do restaurante e o governo português souberam no dia 25 da escala que, segundo o chanceler brasileiro, foi decidida no dia 27

Blog Augusto Nunes - Veja
 
Com tantos ministros que começaram a mentir ainda no berçário, Dilma Rousseff confiou ao caçula do primeiro escalão a tarefa de explicar os motivos da parada em Lisboas da comitiva presidencial. Péssima ideia, confirmou o álibi costurado às pressas pelo chanceler Luiz Alberto Figueiredo. Segundo o novato em invencionices, a escolha de Portugal para a indispensável “escala técnica” ocorreu no sábado, horas antes do início da viagem de volta, e foi uma decisão conjunta de oficiais da Aeronáutica e meteorologistas estrangeiros.

“Havia duas possibilidades: ou o nordeste dos Estados Unidos, ou parando em Lisboa, onde era o ponto mais a oeste do continente”, afirmou Figueiredo nesta segunda-feira, depois do desembarque em Havana.

“Viu-se que havia previsão de mau tempo com marolas polares nos Estados Unidos.
Então houve uma decisão da Aeronáutica de que o voo mais seguro seria escala em Lisboa”. O ministro das Relações Exteriores deveria ter combinado com os portugueses, atestou a reportagem publicada pelo Estadão nesta terça-feira.

Diretor do cerimonial do governo de Portugal, o embaixador Almeida Lima revelou ao jornal que foi incumbido na quinta-feira passada de recepcionar no fim de semana a comitiva brasileira. Portanto, o diplomata sabia desde o dia 23 da escala que, segundo Figueiredo, só foi decidida no dia 25. Também o chef alemão Joachim Koerper, um dos sócios do restaurante Eleven, foi informado com 48 horas de antecedência do desembarque tratado como segredo de Estado pelo bando de viajantes. ”As reservas foram feitas pela embaixada do Brasil”, contou Koeper. “Fui contatado na quinta-feira”.

Se Dilma tivesse sucumbido a um surto de sinceridade e confessado que parou em Lisboa porque gosta de suítes presidenciais e comida portuguesa de alta qualidade, o episódio seria confinado no espaço reservado pela imprensa a caprichos perdulários. Conjugados, o sigilo que não deu certo e as trapalhadas do chanceler comprovaram que o governo mente até quando não precisa, ou mesmo quando sabe que ninguém vai acreditar na conversa fiada.

Figueiredo, por exemplo, não se limitou a enxergar marolas polares rondando o território ianque. Também jurou ter visto uma inverossímil divisão da gastança no restaurante. “Cada um pagou o seu e a presidente, o dela, como ocorre em todas as viagens”, fantasiou. Até os bacalhaus devorados pela turma estão cansados de saber que, como todas as outras, também a conta da noitada no Eleven será espetada no bolso dos brasileiros que pagam impostos.