sábado, 25 de janeiro de 2014

Energia eólica avança no país, mas ainda encontra dificuldades para se manter

Energia eólica avança no país, mas ainda encontra dificuldades para se manter

Problemas para complementar hidrelétricas com parques eólicos é uma das queixas

Jornal do Brasil - Amanda Rocha

A energia eólica é a aposta de muitos países por ser umaenergia limpa e renovável, conseguida através do vento. No Brasil, os investimentos nesse tipo de energia aumentaram, mas ainda estão longe do ideal. Problemas em complementar a produção de energia das hidrelétricas com a dos ventos atrasam o progresso da energia eólica no país.

Para Ivo Pugnaloni, presidente do grupo Enercons, a melhor saída seria apostar em pequenas hidrelétricas, que produzem bastante energia em áreas de pequeno alagamento, com os parques eólicos, presentes principalmente no extremo Sul e no extremo Nordeste do Brasil.

“A geração de energia eólica chega ao seu máximo no país no período seco. Já no período úmido, a produção cai para 20% do normal. O que aindústria eólica esperava para que se formar o cenário ideal era um crescimento das energias renováveis do período úmido, que são as pequenas hidrelétricas. O trio renovável perfeito seria formado por parques eólicos, pequenas usinas hidrelétricas e também por biomassa [geração de energia a partir de matéria orgânica]. Assim, o cenário energético brasileiro seria imbatível”, explica.

As pequenas hidrelétricas são responsáveis, atualmente, por aproximadamente 4% da potência instalada no país e, de acordo com Ivo, existem 800 projetos de novas pequenas centrais hidrelétricas além das 450 já existentes. Com esses projetos viabilizados e o progresso da energia eólica, ele garante que os problemas energéticos do Brasil seriam não só sanados, como estaríamos utilizando fontes energéticas de baixos impactos ambientais e renováveis. Mas, por falta de pessoas dentro da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para analisar os projetos, nada vai para frente.

Ivo conta ainda que as grandes hidrelétricas, majoritárias no país e que fornecem cerca de 70% da energia utilizada no Brasil, também seriam um complemento interessante para os parques eólicos. No entanto, segundo ele, somente as hidrelétricas que existem hoje não conseguem mais suprir a demanda por energia que cresce cada vez mais no país. Somado a isso, o governo quer construir novas usinas em locais muito distantes, como a Amazônia, que possuem reservas grandes demais, dificultando o licenciamento ambiental.

Outro grave problema que Ivo ressalta é o risco regulatório nos empreendimentos de energia eólica. De acordo com ele, falta ao governo um programa nacional de energia renovável. “O setor precisa de perspectivas de crescimento, não apenas de políticas ditadas pelos leilões. Assim, seria possível se programar. Um programa nacional de energia renovável existe em todos os países do mundo. É preciso privilegiar esse assunto”, diz.

Outros problemas já assombraram o setor de energia eólica no Brasil, como a falta de linhas de transmissão nos parques eólicos. Mas, de acordo com Élbia Melo, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), esse obstáculo já foi superado e o que o setor enfrenta agora são apenas desafios que podem e, segundo ela, serão ultrapassados.

“O modelo de contratação de transmissão foi modificado, então esse não é mais um problema. Mas a energia eólica cresce em um país muito grande como é o Brasil. Isso traz muitos desafios que envolvem a logística, já que os equipamentos são grandes e as distâncias também. Outro desafio é o tributo no país, um dos maiores do mundo. E, apesar do avanço, ainda é um setor novo no Brasil, então a indústria precisa se nacionalizar muito rápido porque é exigida grande produção nacional”, conta.

Apesar dos problemas e dos desafios, Ivo, assim como Élbia, são extremamente otimistas com o setor eólico no país. Para ela, a indústria cresce da forma correta e na hora exata. Para ele, a energia eólica do Brasil servirá de exemplo para outros países da América Latina. “A energia eólica veio pra ficar no país”, aponta Ivo.