Em 2018, 38 empresas avaliadas em US$ 1 bilhão ou mais foram listadas em bolsa
NOVA YORK
O reino das ofertas públicas iniciais dos chamados “unicórnios”, empresas de tecnologia que valem mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3,7 bilhões) começou. Os investidores se queixam de que companhias com avaliações altas estão rejeitando os mercados abertos e optando por manter seu capital fechado por mais tempo.
Em 2018, entretanto, 38 unicórnios colocaram ações nas bolsas dos Estados Unidos, o maior número de empresas a fazê-lo desde o pico do boom da internet em 2000, de acordo com a Dealogic.
O total deve subir este ano, de acordo com financistas e administradores de fundos que acompanham o mercado de ofertas públicas iniciais. Em 2019, alguns dos nomes mais quentes entre os unicórnios, entre os quais Uber, Lyft e Slack, consideram abrir capital.
Também há expectativa em relação a ofertas públicas iniciais (IPO, na sigla em inglês) de empresas de software menos conhecidas, com avaliações privadas que vão dee US$ 1 bilhão a US$ 5 bilhões em valor de mercado.
“São histórias que as pessoas não conhecem bem porque não envolvem nomes de apps que elas tenham em seus telefones”, diz David Ethridge, da PwC. “Mas o ritmo é muito firme, e houve um mercado forte de ofertas públicas iniciais que deu sustentação a isso.”
Se 2018 serve como indicação, a classe de unicórnios de 2019 deve apresentar bom desempenho mesmo que o mercado mais amplo esteja complicado. As ações das empresas com avaliação superior a US$ 1 bilhão estão disparando.
Os unicórnios que abriram capital em 2018 registraram alta média de 8% nas ações, ante o preço de lançamento. De modo geral, elas mostram alta de 3% em média, enquanto o índice S&P 500 caiu em 4,8%.
Entre os unicórnios que testaram o mercado em 2018 está a Dropbox. A companhia de armazenagem de dados estabeleceu preço superior ao previsto para suas ações, ao abrir o capital.
Até o momento da IPO, seu valor era superior a US$ 9 bilhões, mas ela não conseguiu chegar ao valor estimado de US$ 10 bilhões que lhe foi conferido por investidores privados em 2014. As ações subiram em cerca de 2% ante o valor de oferta inicial.
Um dos unicórnios de sucesso em 2018 foi a DocuSign, empresa de certificação digital, que abriu capital em abril cotada a US$ 29 por ação. Em dezembro, suas ações chegaram a US$ 41,87.
Muitas das empresas de tecnologia que colocaram ações nas bolsas dos EUA têm sede na China, o que incluiu algumas das maiores IPOs do ano, como a do grupo iQIYI e a do e-commerce Pinduoduo.
É claro que não existe garantia de bom desempenho. Algumas grandes IPOs encontraram problemas. No mês passado, a gigante Tencent, dona do WeChat, estipulou preço de oferta inicial na ponta mais baixa do valor previsto.
Embora as ações da companhia, que tinha avaliação de cerca de US$ 20 bilhões na IPO, tenham subido no primeiro dia de operação, caíram abaixo do preço de oferta pública inicial de US$ 13 por ação.
The Wall Street Journal, traduzido do inglês por Paulo Migliacci