domingo, 20 de janeiro de 2019

Em dois anos, Trump acumula sucessos na área econômica e controvérsias

NOVA YORK
730 dias se passaram desde que Donald Trump foi empossado como o 45º presidente dos Estados Unidos.
De lá para cá, o republicano ostenta o que pode ser o maior ciclo de crescimento da história do país, uma popularidade praticamente inabalável com sua base e controvérsias dentro e fora da América —além de ser corresponsável pela mais longa paralisação que o governo enfrenta em sua história.
Do ponto de vista econômico, investidores e empresários têm poucos motivos para reclamar. O país caminha para a maior fase de expansão já registrada, caso o crescimento se mantenha após julho —descontando o fato de a maior parte dos especialistas vislumbrar uma desaceleração neste ano e ameaças de recessão no horizonte.
Do lado fiscal, uma das grandes medidas anunciadas foi um corte de impostos que injetou dinheiro na economia. 
O mercado de trabalho vai bem, obrigado. Há criação consistente de vagas e, em novembro, a taxa de desemprego atingiu o menor patamar em 49 anos.
Trump também apresentou propostas destinadas a agradar sua base, um segmento que comporta um percentual de 35% a 38% dos americanos que aprovam o trabalho do presidente, majoritariamente homens brancos mais velhos e menos escolarizados.
São pessoas para quem o discurso de “America First” (América em primeiro lugar) soa como música. Uma América conservadora, que comemorou quando Trump indicou o juiz Brett Kavanaugh à Suprema Corte. A decisão rearranjou o equilíbrio do tribunal, considerando as opiniões tradicionais sobre temas como aborto e armas já manifestadas pelo magistrado.
Com apoio de sua base, o presidente, nesses dois anos, reverteu a política externa mais amigável adotada pelo democrata Barack Obama e retirou os Estados Unidos de pactos multilaterais importantes, como o Acordo de Paris, em que os países se comprometiam a um esforço global para minimizar o efeito das mudanças climáticas.
Renegociou ainda o Nafta, o acordo de livre-comércio entre EUA, México e Canadá —nas palavras de Trump, “o pior acordo comercial já feito”. 
O presidente conseguiu impor suas condições e substituir o pacto anterior, no que é considerado uma de suas principais vitórias políticas, ainda que pendente da aprovação do Congresso. Isso ficou mais difícil depois que os democratas assumiram o controle da Câmara dos Deputados, após as eleições legislativas em novembro de 2018.
Por outro lado, duas das maiores brigas compradas por sua administração continuam sem final feliz para os EUA. A disputa comercial com a China segue firme e forte, com solução ainda a ser negociada. E a queda de braço com os democratas pelo financiamento do muro que ele quer construir na fronteira com o México engessa o governo, em uma paralisação que completa 30 dias neste domingo (20).
Em meio a isso tudo, novos indícios sobre uma possível conspiração da campanha de Trump em 2016 com a Rússia se aproximam de pessoas ligadas ao presidente, que tem tudo para enfrentar mais dores de cabeça na metade final de seu mandato e em sua busca pela reeleição em 2020.

Danielle Brant, Folha de São Paulo