Pau Barrena - 25.set.2017/AFP | |
Bandeira catalã é colocada sobre espanhola com uma pomba branca da paz em varanda de Barcelona |
DIOGO BERCITO - Folha de São Paulo
Fernando Villalonga, embaixador espanhol no Brasil, diz que o plebiscito sobre a independência da Catalunha é "produto de uma certa classe política que quer esconder seus escândalos de corrupção" e que "vem de um nacionalismo romântico do século 19".
"Há um ódio profundo, uma xenofobia sem solidariedade", afirma. "Essa é a origem de todos os movimentos antidemocráticos."
"Falo catalão, e não tenho dúvida de que sou espanhol. Não consigo ver a Espanha sem a Catalunha, ou a Catalunha sem a Espanha", diz.
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Folha - O que o senhor pensa sobre o plebiscito catalão deste domingo?
Fernando Villalonga - Não gosto dessa dinâmica de provocações, de subterfúgios para ir às ruas. Não vejo nada de positivo. Não vai levar a nada, só à instabilidade.
Como o senhor avalia as ações do governo catalão?
As declarações desafiam a ordem pública, convocando as mobilizações às ruas.
O voto tem valor legal?
O que acontece ali é ilegal e remete a tempos sombrios. Estão desafiando os juízes e o governo central. Não é uma questão de querer ou não a independência, mas de legalidade e de respeito ao Estado de Direito. Me parece um anacronismo, um exercício antidemocrático.
O que pode ser feito por parte do governo central?
A lei precisa ser aplicada. Acho que o governo atuou da melhor maneira possível, recorrendo ao Judiciário. Foi extremamente respeitoso.
O senhor é valenciano, vindo de uma região vizinha à Catalunha, onde se fala um dialeto do catalão. Como essa situação o afeta?
Eu falo catalão, e não tenho dúvida de que sou espanhol. Não consigo ver a Espanha sem a Catalunha, ou a Catalunha sem a Espanha.
Como a situação chegou a este ponto na Catalunha?
É o produto do desejo de uma certa classe política. Querem esconder seus escândalos de corrupção e ter mais poder. O separatismo vem de um nacionalismo romântico do século 19. Uma Catalunha independente é mais fraca e leva também a uma Espanha mais fraca. Há um ódio profundo, uma xenofobia sem solidariedade, e essa é a origem de todos os movimentos antidemocráticos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||