Paula Dias - O Estado de S.Paulo
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas da Bolsa, fechou o pregão desta sexta-feira, 29, em alta de 0,99%, aos 74.293,50 pontos, após uma sequência de seis sessões consecutivas de queda. Os ganhos mais robustos ficaram por conta das ações de bancos e setor siderúrgico. Com isso, o Ibovespa fechou setembro com valorização de 4,88%, terceiro melhor resultado mensal do ano, e com alta trimestral de 18,11%, a melhor em oito anos. Em agosto, melhor mês de 2017 até agora, a valorização somou 7,46%.
No câmbio, o dólar à vista encerrou o pregão desta sexta em R$ 3,1666, com perda de 4,39% no trimestre e avanço de 0,55% no mês. A queda do dólar favoreceu o recuo dos juros futuros, que refletiram ainda o otimismo dos agentes com os fundamentos domésticos, reforçados pela queda do desemprego apontada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Setembro teve como principal marca a renovação de sucessivos recordes históricos do Ibovespa, que em seu pico de fechamento chegou a superar os 76 mil pontos. Segundo Leandro Martins, analista da Nova Futura Corretora, o bom desempenho da Bolsa no mês reflete avanços essencialmente domésticos, como a desaceleração da inflação, a queda dos juros e os sinais de recuperação econômica. Além disso, afirma, a própria chegada do Ibovespa ao pico histórico foi fator que alimentou a tendência de alta.
"É inegável que a tendência para a Bolsa ainda é de alta. As correções que vimos nos últimos dias não passaram de um descanso saudável", afirma o analista, lembrando que diversas ações passaram ilesas pelos movimentos de realização de lucros dos últimos seis dias, que fizeram o Ibovespa cair 3,21%.
O ingresso de recursos externos manteve-se firme no mês, o que na prática deu sustentação às ações no período. Até o último dia 27, o saldo líquido de investimentos estrangeiros na B3 em setembro estava positivo em R$ 3,834 bilhões. No acumulado de 2017, o fluxo somava R$ 14,818 bilhões.
O cenário político teve como principal destaque a segunda denúncia da Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer, apresentada pelo ex-procurador Rodrigo Janot, substituído no dia 18 pela até então sub-procuradora Raquel Dodge. Por outro lado, houve avanços na agenda do governo com a aprovação no Congresso da Taxa de Longo Prazo (TLP) e do texto-base do novo Refis.
"A nova denúncia não trouxe preocupações quanto a uma possível saída de Temer, mas foi interpretada como um empecilho ao andamento das reformas, principalmente a da Previdência", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da Renascença Corretora.
A sexta-feira foi de noticiário escasso, mas majoritariamente positivo, o que favoreceu a recuperação das ações, após a sequência de baixas. A taxa de desemprego registrada no País no trimestre encerrado em agosto ficou em de 12,6% e foi a menor desde o trimestre encerrado em janeiro, quando estava também em 12,6%.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pela manhã pelo IBGE, ficaram no piso das estimativas coletadas pelo Projeções Estadão/Broadcast. Os números mostraram que o País ganhou 1,374 milhão de postos de trabalho em um trimestre, ao mesmo tempo em que o total de desempregados diminuiu em 658 mil pessoas.
A alta do dia foi ampla, atingindo praticamente todas as blue chips do mercado. A exceção foram os papéis da Petrobras, que perderam 0,63% (ON) e 0,23% (PN), em um dia de instabilidade do petróleo. Já Vale e siderúrgicas interromperam as correções e avançaram. Vale ON subiu 0,38%, enquanto Gerdau Metalúrgica PN ganhou 3,32%.
Papéis do setor financeiro também contribuíram para o resultado positivo. Itaú Unibanco PN ganhou 0,86% e Bradesco PN subiu 1,42%.
Ações do setor de papel e celulose, por sua vez, tiveram um dia de baixas, num movimento de correções após fortes lucros recentes, uma vez que o cenário permanece otimista para elas. Suzano PNA caiu 2,45%, maior baixa do Ibovespa. Fibria ON cedeu 0,70%./COM INFORMAÇÕES DA REUTERS.