sexta-feira, 29 de setembro de 2017

EUA retiram da embaixada em Cuba mais da metade de sua equipe por ‘ataques’ a diplomatas

Cláudia Trevisan - O Estado de S.Paulo

WASHINGTON - Os EUA decidiram nesta sexta-feira, 29, retirar a maior parte de seus diplomatas e funcionários da embaixada americana em Cuba, depois que ataques realizados com uma tecnologia não identificada provocaram perda de audição e/ou equilíbrio, náusea, problemas cognitivos, dificuldade para dormir e dores de cabeça a ao menos 21 membros do Departamento de Estado em Havana.
Os incidentes começaram no fim de 2016 e o mais recente deles foi registrado em agosto. Todos ocorreram em hotéis e não na embaixada. Suspeitava-se inicialmente do uso de armas sônicas na ação. Outra possibilidade analisada é a utilização de equipamentos de espionagem.
Em briefing telefônico com jornalistas, uma alta autoridade do Departamento de Estado americano disse que as investigações sobre o método, a origem e a tecnologia utilizada ainda estão sendo realizadas. Segundo ele, não está descartada a participação de um terceiro país nos ataques. O governo de Havana nega envolvimento e diz estar colaborando com as investigações.
“Os investigadores ainda não foram capazes de identificar quem e o que está por trás desses ataques”, disse o representante do Departamento de Justiça, que falou sob condição de anonimato, prática comum no governo americano. “Até que o governo de Cuba possa assegurar a segurança do pessoal do governo americano, a atividade na embaixada será reduzida a serviços de emergência.”
Mais da metade do contingente da embaixada será retirado de Havana. Todos os parentes de diplomatas e funcionários terão de deixar a cidade. A concessão de vistos será suspensa e os serviços diplomáticos serão restritos a casos emergenciais. Os EUA também orientaram seus cidadãos a evitarem viagens à ilha.
A medida tem o potencial de afetar a já frágil relação bilateral entre Washington e Havana. O presidente americano, Donald Trump, congelou o processo de reaproximação com a ilha iniciado por seu antecessor, Barack Obama, e condicionou o levantamento de sanções à realização de reformas democráticas.



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6 pontos que explicam como Trump está prejudicando os EUA

Todas as viagens de integrantes do governo dos EUA a Cuba serão suspensas, o que pode prejudicar negociações bilaterais. Haverá exceções para os envolvidos nas investigações dos ataques, casos relacionados à segurança nacional americana e operações “cruciais” da embaixada. O representante do Departamento do Estado ressaltou que encontros bilaterais poderão ocorrer no território americano.
As relações diplomáticas com Cuba estão mantidas, ressaltou a autoridade americana, que reconheceu “o esforço” do governo de Havana em investigar o caso e facilitar a investigação dos EUA no país.



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'Ataques acústicos' contra funcionários americanos
Washington já havia informado que pelo menos 21 americanos em Havana
sofreram "incidentes de saúde", acrescentando que não tem "respostas definitivas sobre a fonte ou causa" das ocorrências.
Segundo meios de comunicação americanos, que citam relatórios médicos dos afetados, alguns diplomatas sofreram lesões cerebrais traumáticas leves e perda de audição em razão dos incidentes.
Em seu comunicado, Cuba também apontou que, de acordo com os resultados preliminares da investigação, "até o momento não há evidências das causas e da origem das afecções de saúde reportadas pelos diplomatas americanos". / com AP e EFE