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Usina hidrelétrica São Simão, em Goiás, que foi leiloada
O sucesso dos leilões de áreas de exploração de petróleo e de usinas hidrelétricas da Cemig, nesta quarta-feira (27), pode ser lido como sinal de confiança de investidores na recuperação da economia.
Ademais, a receita de R$ 15,9 bilhões, acima das expectativas, vem em hora crucial para ajudar o governo federal a conter o rombo orçamentário deste ano.
Convém, todavia, relativizar o resultado: em sua maioria, os ativos vendidos eram maduros (prontos, em operação) —as usinas, que renderam R$ 12,1 bilhões.
No caso dos campos petrolíferos, 20 empresas arremataram 37 dos 287 blocos oferecidos; 250 não despertaram interesse, e apenas seis, com potencial de rentabilidade bem mapeado, responderam por cerca de 90% da arrecadação de R$ 3,8 bilhões, recorde para certames sob o regime de concessão.
Mudanças regulatórias foram determinantes para elevar a atratividade das áreas vendidas, em especial a diminuição das exigências de conteúdo nacional, que vinham se mostrando onerosas demais.
Destaque-se ainda que o maior investidor foi o consórcio formado pela Petrobras e pela americana Exxon-Mobil, que arrematou blocos na bacia de Campos. O movimento da estatal indica seu conhecimento do potencial da região, adjacente ao pré-sal.
Fica ainda mais enfraquecida, assim, a tese de que a abertura do mercado resultaria em perda de protagonismo da empresa. Ao contrário, a Petrobras hoje pode priorizar as melhores opções, justamente por ter sido liberada da obrigação de arcar com investimentos perdulários e excessivos.
Fica, de resto, um bom prognóstico para a próxima rodada, a ser realizada em outubro, com foco no pré-sal e receita estimada em pelo menos R$ 7,5 bilhões.
Quanto às quatro hidrelétricas, obteve-se valor 10,3% acima do mínimo fixado. Todas foram adquiridas por empresas estrangeiras.
É digno de nota que os leilões desta quarta tenham envolvido dois setores comprometidos sobremaneira por restrições de natureza ideológica nos últimos anos.
Na área de petróleo, preconceitos com a participação estrangeira, notadamente na área do pré-sal, atrasaram a produção e sobrecarregaram a Petrobras. Na energia elétrica, a redução voluntarista de tarifas provocou enormes prejuízos.
A despeito dos bons resultados colhidos, a corrida para recuperar o tempo perdido no investimento apenas começou –e as barreiras vencidas foram as mais fáceis.
Há concessões novas a fazer e antigas a consertar, incluindo rodovias e ferrovias, para que o avanço da infraestrutura dê solidez ao crescimento econômico do país.
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