RIWAN MARHIC
DA AFP, EM MADRI
DA AFP, EM MADRI
Fora da política, personalidades de horizontes muito diversos se pronunciaram nas últimas semanas sobre o plebiscito de independência convocado para o domingo na Catalunha e proibido pela Justiça espanhola.
Essas são suas posições:
O ex-futebolista Pep Guardiola, primeiro capitão e depois treinador do FC Barcelona, era parte da lista eleitoral da coalizão pró-independência que venceu as mais recentes eleições regionais na Catalunha, a Junts pel Sí (Juntos pelo Sim).
O ator norte-americano Viggo Mortensen (que fala catalão e é casado com a atriz Ariadna Gil, de Barcelona), declarou: "Que haja uma votação. É um erro que o governo não faça como o do Reino Unido, no caso da Escócia, ou seja, que autorize um plebiscito de autodeterminação com aplicação compulsória do resultado".
O australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks, ajuda os independentistas a administrar suas redes e tuitou que "o povo catalão tem direito à autodeterminação".
Gérard Piqué, jogador catalão do Barcelona e campeão mundial de futebol pela Espanha, disse que está "completamente de acordo com o direito de decidir dos catalães".
Ele nunca tomou abertamente o partido da independência, mas nesta quinta-feira tuitou em apoio à consulta, com o hashtag #Votarem (votaremos, em catalão).
Outros adotaram posição parecida, assinando o manifesto "Deixin Votar els Catalans" (deixem votar os catalães), que apela por um entendimento entre as autoridades espanholas e catalãs para a organização de um plebiscito de aplicação compulsória e com garantias.
Entre os signatários estão a escritora guatemalteca Rigoberta Menchú, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1992; o cineasta Ken Loach, diretor do filme "Terra e Liberdade" (adaptação de "Homenagem à Catalunha", de George Orwell); a artista Yoko Ono; e Ignacio Ramonet, diretor do jornal "Le Monde Diplomatique".
O americano Edward Snowden, que denunciou atos de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA) norte-americana, também se pronunciou em favor do direito de decidir, assim como o argentino Adolfo Pérez Esquivel, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1980.
Há também o ponto de vista daqueles que não desejam o plebiscito, imposto por uma lei que não foi debatida em profundidade pelo Legislativo catalão e que contraria a Constituição espanhola.
"Creio que o plebiscito de 1º de outubro não deveria acontecer porque, do meu ponto de vista, todos têm de respeitar as leis, e as leis são o que são", disse o tenista Rafael Nadal, nascido na ilha de Mallorca.
Outras figuras públicas assinaram o manifesto "1-O Estafa Antidemocrática", entre as quais os catalães Juan Marsé, romancista que ganhou o Prêmio Cervantes em 2008; e a cineasta Isabel Coixet, cineasta vencedora de quatro prêmios Goya, que denuncia "a visão ingênua do plebiscito".
A atriz Marisa Paredes, uma das musas de Pedro Almodóvar, é outra das signatárias.
O ator Antonio Banderas, de Malága, pediu no final de semana passada por "respeito à lei e ao Estado de Direito".
Outras personalidades se opõem diretamente à independência da Catalunha, região que representa 19% do Produto Interno Bruto (PIB) e abriga 16% da população da Espanha.
Mario Vargas Llosa, escritor hispano-americano ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, insiste quanto ao "perigo" que esse projeto político representa, e que, caso ele se cumpra, faria da Catalunha "uma nova Bósnia".
O escritor Eduardo Mendoza, de Barcelona, também ganhador do Prêmio Cervantes de literatura, teme o "risco de empobrecimento", e o dramaturgo Albert Boadella critica constantemente o "ultranacionalismo".
Tradução de PAULO MIGLIACCI