Marlene Bergamo/Folhapress | |
O governador Geraldo Alckmin e o prefeito João Doria dividirão o tempo de propaganda do PSDB |
THAIS BILENKY
JOELMIR TAVARES
Folha de São Paulo
JOELMIR TAVARES
Folha de São Paulo
Para evitar botar mais lenha na fogueira, a ala do deixa-disso do PSDB de São Paulo decidiu manter a inclusão do prefeito João Doria nas inserções do partido que vão ao ar na TV em outubro, mas apenas na capital paulista.
O diretório, comandado por um fiel aliado do governador Geraldo Alckmin, o deputado estadual Pedro Tobias, estava inclinado a, pela primeira vez em anos, deixar o prefeito paulistano de fora da propaganda partidária.
Mudou de ideia. Mas parcialmente. No interior, apenas Alckmin aparecerá nas telas. Na capital, dividirá o tempo.
Serão, no total, oito inserções de 30 segundos para Alckmin, oito para Doria e quatro para o PSDB Mulher, por obrigação legal –a mesma divisão ocorrida na propaganda partidária anterior, meses atrás.
Quando José Serra era prefeito, só ele estrelava as peças na capital, e Alckmin tinha todo o tempo no interior.
O prefeito optou por mostrar feitos de sua gestão, mesma linha que Alckmin adota na tentativa de se viabilizar candidato a presidente. Os dois querem o posto.
"Em apenas nove meses de trabalho, com gestão e muito trabalho", introduz Doria em uma das peças, "estamos resolvendo dois problemas crônicos da nossa cidade".
Ele fala, então, que ampliou o número de crianças matriculadas em creches e, "nesse ritmo", promete, "vamos zerar essa fila muito em breve".
O prefeito menciona também que zerou "completamente" a fila na pré-escola.
Na peça voltada à área da saúde, ele volta a dizer que, "em apenas nove meses", zerou a fila para exames de imagem com o programa Corujão da Saúde.
Alckmin também falará de obras de seu governo e das contas do Estado, que ficaram no azul apesar da crise no país.
Pedro Tobias, em nota, afirmou que "não houve nenhum recuo porque em momento algum o prefeito João Doria teve sua participação nos programas questionada".
"A grade de inserções de outubro, quando irão ao ar as novas inserções partidárias, respeita os mesmos espaços da utilizada em junho deste ano com a anuência de todos os envolvidos."
FOGO AMIGO
Nesta quinta-feira (28), mais um deputado tucano usou o microfone da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo) para tomar partido no racha que divide a legenda no Estado, entre Alckmin e Doria.
Carlos Bezerra Jr., que é presidente da Comissão de Direitos Humanos, criticou a intenção do prefeito de sair do cargo para concorrer à Presidência da República.
O líder do governo Alckmin na Alesp, Barros Munhoz (PSDB), já tinha feito discurso semelhante na terça (26), criticando os movimentos eleitorais de Doria.
Na quarta-feira (27), foi a vez do ex-presidente da Casa Fernando Capez (PSDB), que foi à tribuna defender a gestão do prefeito e afirmou que é melhor para o PSDB "ganhar com Doria do que perder com ele em outro partido".
Aliado do governador, Bezerra Jr. disse que é necessário praticar "uma política mais comprometida com o discurso". Segundo ele, a população de São Paulo elegeu Doria com a expectativa de que ele se dedicasse à cidade.
"Faço um apelo respeitoso ao gestor que não é político: faça mais gestão e menos política", afirmou.
Bezerra Jr. também disse ter dúvidas sobre como seria o comportamento de Doria caso um dos participantes do programa "O Aprendiz" —reality show da Record que o prefeito apresentou entre 2010 e 2011— tivesse um número alto de faltas em dias de trabalho, numa referência às ausências do tucano por causa de viagens.
"Será que ele contrataria o candidato? Ou diria que aquele candidato estaria demitido?", questionou.